Uma das curiosidades que tenho desde sempre: a figura do
doido de rua. Desde criança sou decididamente uma admiradora desses seres que,
feito crianças, perambulam por ruas e pontos de ônibus da cidade falando coisas
sem nexo e gesticulando. Em Curitiba cheguei a conhecer um célebre, a Gilda,
que corria atrás dos rapazes para beijá-los no calçadão da rua XV adentro. Nos
últimos tempos conheci um “maestro” que tira a roupa e, nu, rege uma orquestra
de árvores no Passeio Público da cidade – fui informada que um grupo de
senhoras caridosas do bairro reúne-se para provê-lo de novas roupas de tempos
em tempos. Aqui em Recife, de volta depois de tantos anos, não poderia deixar
de ter o meu “doido de rua” do momento, um rapaz que cruza as ruas do bairro de
bicicleta, freneticamente gritando como se fosse uma ambulância, figura
folclórica do pedaço. Na observação dessa minha amorosa “stultifera navis”
geral onde, dentro do terreiro da loucura sagrada e selvagem me encontrei desde
sempre, penso: senhor! eles sabem o que fazem!
E que vivam os doidos.
Jussara Salazar
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