terça-feira, 17 de setembro de 2013

O Código das Águas

Primeira Raiz
Ancestral não diria:
Antes cesto de tudo,
Antes tempo em que mudo:
Pêlo, pele, sobretudo.
Ancestral direi:
Se memória não fosse mais
(e é tudo)
que risco na cerâmica quebrada,
o nome dentro da pedra achada,
e o amor, esta breve palavra,
em milagre de nada.

Ancestral, sim,
porque o que passou, passa, passará
não passa de matiz, matriz, da manhã.
E dúvida ancestral
não é mais que fogo, afago
E tudo que penso
Pouco mais dura que a escrita,
A da raiz, a da marca do pé na terra,
Que mino, rumino,
e que me habita.

- Lindolf Bell, em "O Código das Águas”. 1ª ed., São Paulo: Global editora, 1984.

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