sábado, 14 de setembro de 2013


- Oi, Deleuze, tudo? Que bom que você tá aqui. Explica como é que funciona aquelas brincadeiras da Alice no país das maravilhas.

- Bom, França, não basta opor um jogo “maior” ao jogo menor do homem, nem um jogo divino a um jogo humano: é preciso imaginar outros princípios, aparentemente inaplicáveis, mas graças aos quais o jogo se torna puro. 1°) Não há regras preexistentes, cada lance inventa suas regras, carrega consigo sua própria regra. 2°) Longe de dividir o acaso em número de jogadas realmente distintas, o conjunto das jogadas afirma todo o acaso e não cessa de ramificá-lo em cada jogada. 3°) As jogadas não são pois, realmente, numericamente distintas. São qualitativamente distintas, mas todas as formas qualitativas de um só e mesmo lançar, ontologicamente uno. Cada lance é ele próprio uma série, mas em tempo menor que o minimum de tempo continuo pensável; a este mínimo serial corresponde uma distribuição de singularidades. Sacou?

- Ahn...pode repetir, por favor?



Alexandre França

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