- Oi, Deleuze, tudo? Que bom que você tá aqui. Explica como
é que funciona aquelas brincadeiras da Alice no país das maravilhas.
- Bom, França, não basta opor um jogo “maior” ao jogo menor
do homem, nem um jogo divino a um jogo humano: é preciso imaginar outros
princípios, aparentemente inaplicáveis, mas graças aos quais o jogo se torna
puro. 1°) Não há regras preexistentes, cada lance inventa suas regras, carrega
consigo sua própria regra. 2°) Longe de dividir o acaso em número de jogadas
realmente distintas, o conjunto das jogadas afirma todo o acaso e não cessa de
ramificá-lo em cada jogada. 3°) As jogadas não são pois, realmente,
numericamente distintas. São qualitativamente distintas, mas todas as formas
qualitativas de um só e mesmo lançar, ontologicamente uno. Cada lance é ele
próprio uma série, mas em tempo menor que o minimum de tempo continuo pensável;
a este mínimo serial corresponde uma distribuição de singularidades. Sacou?
- Ahn...pode repetir, por favor?
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