sábado, 14 de setembro de 2013

Não há mais laços.
Só sobraram os nós.
Rotos, partidos.
Soçobramos nós.
Bagaços, feridos.
Quem tira de mim essa ira que nem sei onde mora?
Tem hora sinto na boca, no oco do estômago,
no buraco do peito, no escuro do olho.
Não sei direito.
Se eu me der um soco, tu vais embora?
Preciso te expurgar do meu corpo,
vivo ou morto.
Como te tirar de mim,
se estou cheia de ti?
Se tuas farpas estão cravadas
em todos os meus cantos,
em meus contos, meus versos.
Se tem restos de tua saliva na cárie do meu dente
Estrepes de tua carne nas minhas unhas;
Se teu esperma ainda escorre nas minhas pernas.
Me diz como!
Como te tirar da minha vida
se não tenho mais vida?
Quando se odeia o próprio amor,
não adianta matar para esquecer
é preciso morrer
para acabar com a dor!

Marilda Confortin


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