(...) saio do bar. o Pick Nick fica numa esquina triangular.
nos fundos, uma rodinha de meninos com suas bikes e seus skates. fumam maconha.
me aproximo, eles me oferecem uma bola. não faço isso tem mais de três anos.
chupo o baseado. agradeço e saio caminhando a esmo. depois de algumas quadras,
me escondo atrás de uma árvore e me alivio. as árvores são os seres da criação
mais generosos, ajudam o oxigênio, além de dar frutos, embelezam a paisagem e
deixam homens e cães mijar nelas protegidos por sua sombra. escuto me chamarem.
viro, procurando. só o poste de luz, a calçada, o muro. exausto. estou exausto.
sou tomado por um brusco aturdimento. a cabeça, o peso de uma bola de boliche.
não estivesse grudada ao pescoço, rolaria longe, na sarjeta. chamam meu nome
novamente. olho para direita, ninguém. esquerda, atrás, nada. não é ninguém, só
os paralelepípedos escorregadios e a igreja em que as mulheres da família
vinham às quartas para o grupo de leitura da Bíblia (...)
Luiz Felipe Leprevost
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