sábado, 15 de março de 2014

no livro dos mortos vermelhos



PARANOICO de infinito,
atento à demonologia interior,
o servo de um diário niilista confabula:

é fácil observar o comportamento das bestas
e seguir o oposto
para o caminho da redenção
mas e a besta, no espelho do homem,
poderá se redimir?

não mais, enquanto, porém:

o coração, esta máquina de apontar blasfêmias alheias,
faz o julgamento egípcio
enrubescer
avermelhado como um serrote
na polpa de um algodoeiro

seu drama dadaísta
avança sobre os bestiários
como um inflado balão
branco e volátil
no improviso do final dos tempos

Andréia Carvalho Gavita 


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