domingo, 1 de novembro de 2015

[FURO O SINAL VERMELHO]

Furo o sinal vermelho
que não me estanca
sangrando a seta do lado esquerdo
me enfio por agulhas, gargalos
gargantas, o mar está à margem
tem pressa, mas não sai do lugar
engarrafado, e ainda que felino
enferruja em frente à praia
enquanto rodo o Rio todo e tomo
sucessivos ônibus, táxis, metrô
e cada dia é irreparável
o corpo não tem férias
vai no arrastão, com a roupa da hora
sempre ao alcance de balas além
não fica em nenhuma parada
não salta, passa do ponto
queima a inflamável vida
enquadrado pelo sol, carburante
vencendo túneis

nadando no seu próprio sangue.

Armando Freitas Filho

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