sábado, 30 de janeiro de 2016

A gente nunca sabe quando vai ser a última vez: o último encontro, a última conversa, o último beijo, o último aperto de mão... Se a gente soubesse, a gente se prepararia melhor para este último gesto. Nossas palavras seriam mais solenes, nossas atitudes mais circunspectas. A gente tomaria mais consciência do que está fazendo ou falando. Mas talvez seja melhor que não saibamos. Não suportaríamos a certeza de que aquela seria a última vez. Foi assim com ele aquele dia. Eles se encontraram, eles se se beijaram, eles se amaram, eles se despediram, achando que iam se ver outras vezes, muitas vezes. Só que seus caminhos de repente se afastaram, sem que nenhum tivesse previsto ou pretendido isso. Nunca mais se viram. Ainda se falaram algumas vezes pelo telefone. Mas depois de alguns meses nem isso. Até que muitos anos depois a notícia chegou aos ouvidos dele. Ela tinha morrido. Ou melhor: tinha se matado. Um tiro na cabeça. Se ele soubesse que aquela ia ser a última vez que se viram, ele teria dito: Olhe, não leve a vida tão a sério.

Otto Leopoldo Winck

Nenhum comentário: