segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Tenho medo de acordar de um sonho e descobrir que estou em outro. E em outro, e em outro... No último sonho encontro você. Dormindo. Mas não é só isso. Descubro que estou no seu sonho. Que eu sou o sonho que você sonha. E que se você acordar deixarei de existir. Começo a suar frio, choro, rezo... Não acorde, meu amor, não acorde nunca. Uma lágrima minha rola no seu rosto. Você abre um olho -- e eu sinto que começo a desaparecer. Grito, desesperado. Você se assusta e acorda. Pronto. Acabou o último sonho que me sustentava. Agora sou só uma sombra de ideia, o eco de um eco, sem corpo, sem forma, sem nada, vagando nas solidões dos espaços vazios. Ser poeta é isto: ter consciência da irrealidade de todas as coisas. E mesmo assim amá-las. Amá-las desesperadamente. Como amei você.

Otto Leopoldo Winck

Nenhum comentário: