segunda-feira, 25 de janeiro de 2016



em 1993, se não me falha a memória, fui estagiário da biblioteca pública - eu dava aula de xadrez e organizava meus horários pra conseguir ler tudo aquilo que queria (fiz amizade com os bibliotecários e dava pra eles listas do que eu queria ler e que, por alguma razão, nunca estavam disponíveis nas estantes - daí descobri que existia uma certa máfia e que, pra conseguir essas coisas, era preciso fazer parte dela - os livros que me interessavam, iam direto pra gaveta e somente partilhados com os "escolhidos"); foi um momento crucial na minha vida e na minha formação, graças às indicações de camaradas, que já tinham lido quase tudo e muito, pude caminhar numa estrada com menos pedregulhos. eu já tentava escrever há algum tempo - devo ter meus cadernos aqui em algum lugar e, obviamente, vou destruí-los, já que a posteridade só terá o que é mais ou menos bom de mim. é bem curioso quando ouço alguém dizendo que não lê para não ser influenciado e descobrir sua propria "voz", pra mim isso é piada, e já ouvi muito isso. creio que pra escrever, é importante ler muito, escrever muito - óbvio, e ter paciência, leva tempo e trabalho, creio que também é importante confrontar sua voz com outras, sobretudo, com gente honesta em sua crítica (não existe esse papo de "ai, eu escrevo pra mim", mentira, o sujeito escreve pra ser lido): os condescendentes são uma praga, mas os que só esculhambam também o são; nem todo mundo precisa ganhar um jabuti, escrever é um exercício de autoconhecimento e humanidade. tem muita gente de qualidade por aí que pra muitos são ilustres desconhecidos. mas, se ocorrer de você ganhar um jabuti, ótimo, da próxima vez, você paga a cerveja.

William Teca

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