hoje eu me alimento da falta de interesse do pássaro que voa
contra o vento da apatia
eu me escondo nos escombros escritos no jornal amarelado que
não consegue ser vendido
da banca que vende coisas desinteressantes
eu corro do medo do olhar do homem que sente fome &
sente frio na praça da Sé
enquanto muita gente corre atrás de um sonho que não sabe se
será realizado
eu finjo acreditar nas promessas de todos os anos quando o
abismo da realidade é descarregado nos caixotes daquele caminhão com galinhas
de olhos mortais prontas, sem entender, para a morte inevitável
hoje eu sou a força que resiste
por natureza imóvel
na desesperança dos trabalhadores que desistiram da greve
geral em última hora por medo de represálias enquanto suas esposas pensam no
que irão fazer no almoço de amanhã.
Régis Mesquita
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