sábado, 15 de julho de 2017



A flor que desbota outono, cor ao quarto.
Seus olhos, aquários dentro do mar
em mim, sonho da noite que passou
pelas frestas e não nos esqueceu.

Bebemos o branco dos lençóis,
lembra? Cortinas cinzas ou era o céu?
Sua pele me estalando vazia
por cima do carpete do hotel.

Era um quarto de muitas paredes
e duas portas, onde não havia saída
- nunca deu-me nenhuma, recorda-se?
Sua carta aberta, criado mudo,

um chover de silêncios na espera
do fim que se arrastava e você,
você meu beijo, longo, urbano, Sol;
pôs-se alêm de mim, desdourado

numa fotografia do que não foi.

Vivian Nascimento     


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