sábado, 15 de julho de 2017

Vida


Vidas são só intervalos.
O sim entre nãos, expresso.
O que há entre o berço e a lápide.
Tempo cifrado em compassos,
a que chamamos música,
o som que por notas ecoa.

Munch, entre gritos, silêncio.
O vazio entre o discurso
e o aplauso.
Susto entre o passo e a queda.
No entre - braços, o abraço
que pelos dedos escoa.

Se o Universo
se expressa em pulsos
E medita-se entre os sons,
o intervalo entre os mantras,
isto não seria vida?

Podemos pensar então
que há algo no não
entre os sins,
além do que é negação?

(a noite traz no estojo
o lápis que desenha o dias.
E a pausa assim como ritmo
dá a cor à melodia...)

Há algo entre a lápide
E o berço?

Prece,
entre as contas de um terço.
Possibilidade insuspeita,
entre as oportunidades,

Tantas!


Ruth Cassab Brolio 

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