sexta-feira, 14 de julho de 2017

APÓS A TOSA


Para Vilmaria

Agora a tal história fez-se outra,
sem eufemismo nem subterfúgio.
A voz soava doce, agora é rouca,
e não consigo me esconder, nem fujo.
Só durmo quando cessa a madrugada,
embora meu cansaço chegue antes.
Não reconheço o tudo enquanto nada
nem quero enveredar novas vertentes.
Em pleno desquerer quero uma coisa
pelo contrário do que eu quereria:
a lã tão fresca logo após a tosa
e a tal visão do estouro da manada.
Mas quero, sim, te quero desvairada
e despertada, tal qual noite e dia.

Bento Ferraz

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