então é isso
quando achamos que vivemos estranhas experiências
a vida como um filme passando
ou faíscas saltando de um núcleo
não propriamente a experiência amorosa
porém aquilo que a precede
e que é ar
concretude carregada de tudo:
a cidade refletindo para sua hora noturna e todos indo para
casa ou então
marcando encontros improváveis e absurdos, burburinho da
multidão circulando
pelo centro e pelos bairros enquanto as lojas fecham mas
ainda estão iluminadas,
os loucos discursando pelas esquinas, a umidade da chuva que
ainda não passou,
até mesmo a lembrança da noite anterior no quarto
revolvendo-nos em carícias e
expondo as sucessivas camadas do que tem a ver – onde a
proximidade dos
corpos confunde tudo, palavra e beijo, gesto e carícia
TUDO GRAVADO NO AR
e não o fazemos por vontade própria
mas por atavismo
2
a sensação de estar aí mesmo
harmonia não necessariamente cósmica
plenitude muito pouco mística
porém simples proximidade
da aberrante experiência de viver
algo como o calor
sentido ao lado de uma forja
(talvez devesse viajar, ou melhor, ser levado pela viagem,
carregar tudo junto,
deixar-se conduzir consigo mesmo)
ao penetrar no opalino aquário
(isso tem a ver com estarmos juntos)
e sentir o mundo na temperatura do corpo
enquanto lá fora (longe, muito longe) tudo é outra coisa
então
o poema é despreocupação
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