sexta-feira, 7 de julho de 2017

Último poema


Dos olhos que a saudade impõe
foge a vida,
o tempo não se transforma,
faz-se vazio.
Fica o olhar raso,
baço,
sem profundidade,
como se todas as liquidas vidas secassem
de uma vez... vagarosamente.
Está o coração morto e ainda pulsa;
Veias abertas,
e do sangue resta a dor
que não se sente na carne
mas te salga as feridas rasgadas
na fragilidade dos dias.
Ainda que com o dorso arqueado
ao peso do silêncio...
permaneces entre os vivos.

António Patrício Pereira

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