Rubens Jardim
Como se eu estivesse mais sozinho
Do que estou e minha casa não tivesse
Espelho. Sem ser reconhecido, nem
Por mim mesmo, atravesso o tempo
Da indigência, de mãos dadas com
Heidegger. A mulher amada, ausente,
Cria um buraco maior que a cratera
Do metrô, linha amarela, em Pinheiros.
Minha cidade não é mais minha cidade:
Lugar de moradia. Todas as casas onde vivi
Desapareceram do mapa. Ninguém mais
Dá a mínima atenção pra essas coisas.
E eu fico apalpando frutos derrubados,
Caminhos percorridos. E eu naufragado.
(Poema publicado na ótima revista Alagunas, em janeiro deste
ano.Não me lembrava dele e nem dessa baixo astral.Mas como diz o Rosa, “A gente
se esquece --e as coisas lembram da gente.”)
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