ando sem perguntas e sem respostas.
dou comprimido ao gato em um segundo
e recebo mudo olhar de gratidão.
mas não me interessa saber por que este gato engole
comprimidos
como fina iguaria e outros arranham o céu para não fazê-lo.
ele simplesmente toma o comprimido.
não há nada demais num gato que toma comprimidos em um
segundo.
nenhuma metafísica, nenhuma mesmo, nele ali, de cabeça para
baixo, vencido, vendo o mundo pelo teto branco da cozinha.
no fundo ele é só um gato que toma comprimidos em um segundo
e eu a que entrou em sua sina para que ele não morresse.
para que ele não morresse como um vagabundo estirado na
calçada.
todo resto não precisa de pergunta nem resposta.
todo o resto simplesmente é.
todo o resto simplesmente tem sido.
Lázara Papandrea
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