sábado, 15 de julho de 2017

Sorvo e Tormenta


Pedro Penido

Tomo-te nos braços
e trago do sorvo dos lábios teus.
Feito vento de tormenta
em nau de náufrago dissabor,
louco até o fim do mundo,
tão perto de ti, tão longe de deus.

Flâmula negra e flâmula escarlate
num baile de canhões e morte
um usa a esgrima, o outro a arte.

Olhos de falcão pela lâmina afora
em duelo de golpes de sorte
enquanto o desejo-tempestade aflora.

Tomo-te nos braços
e trago do sorvo da boca tua.
Feito vento de tormenta,
em mau e trôpego ardor,
escorre a lâmina na carne nua.


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