segunda-feira, 24 de julho de 2017

A SE DAR


o silêncio aberto e minhas mãos percorrem
a aparente distância que há nos lugares
a água nesses rios que sempre correm
é a mesma, é a chuva a se dar nos ares
no tempo tudo vai e vem a unir
aproximam-me terra e céu, noite e dia
os enredos lá se vão ao que há de vir
que a memória há de ver-se no que via
a aparência nas coisas não revela
o fulgor do instante que não se acaba
a luz de uma página que amarela
entre a flor e a raiz há um leve traço
de silêncio, na seiva que há tanto se dava
e de tanto se dar há de ser o espaço


de FERNANDA CRUZ FILHA (1967) poeta goiana, é psicóloga, mestranda em Performances Culturais pela Universidade Federal de Goiås. Publicou os livros de poesia: Regatos do Instante (2007 )e O ar mais próximo, (2012). Antes de enveredar pelos caminhos da poesia, atuou em artes cênicas e também como cantora de mpb e música erudita.Fernanda Cruz Filha está na 95ª postagem da série AS MULHERES POETAS...
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