terça-feira, 28 de junho de 2011

Wilson Roberto Nogueira e yasher koash

o vento que é vento


não inventa

simplesmente venta

viver bem todo mundo quer

todo mundo tenta

feliz daquele que puder

olhar para trás

e rever as maravilhas

dos seus melhores momentos

em câmera lenta





Antonio Thadeu Wojciechowski

domingo, 26 de junho de 2011

sábado, 25 de junho de 2011

Punhal cravado no peito,

Não há para onde fugir.



O olhar gélido do carrasco,

Captura meu olhar.



Mergulho nas profundezas,

Daquela alma quebrada,



Percebo.



Minha Morte, é dele, lento Suicídio.



O Escafandro encerra,

Um Mundo feito com ...,

Retalhos de memórias.



A primeira concha colhida na areia,

A canção do mar,

Sons de dedos que dedilham o Silêncio,

Nas cordas de um violão.



Fragmentos da vida,

Hermeticamente fechados em você.



Ao mergulhar nas águas da consciência,

A revelação de um universo submerso,

Morada de tesouros e magias.



Ultrapassei Abismos inimagináveis.



Caminhos ?

Extintos no Tempo.



Paro.



Imersa em Profunda Tristeza,

Espero a próxima Queda.



Como Rede de Segurança,

Só a Paz de me saber Inteira.




Não quero mais ser Rimbaud na vida.



Já basta sê-lo na alma.



Já vivi minha Abissínia,

Em meio a Robôs,

Revestidos de molambos,

Correndo atrás do vil metal.



Quero outrossim a alma de criança,

Que profundamente sente,

E a tudo enxerga,

Com um olhar sempre novo,

Puro e inocente.



Amo Rimbaud,

em tudo que transcende ao comum.



Mais do que tudo, Amo Você,

Que é tão Rimbaud na vida,

Que transforma

Cada canto desta terra,

Na necessária Abissínia.



Cada relacionamento,

Na própria, Temporada no inferno.


Estou caindo no abismo;

Como quem procura água no deserto.



Busco letra-a-letra, a palavra,

Que retire esse cansaço insustentável,

Das verdades mil vezes ditas,

A ouvidos moucos.



Cansaço real, da irrealidade alheia.



Procuro a palavra

Que impeça esta vontade de voltar

À caverna silenciosa,

Onde só habitam as vozes,

Dos meus poetas mortos.

Tuas palavras penetram meu sono;

Tornam-se cores, sons, imagens.



Acariciam-me,

Com memórias gravadas na pele.



São. quase susto de sensual ternura.



Viajam nos mistérios do tempo.



Quedam-se silenciosamente,

à força cósmica que nos atrai.



Crisálida de ferro e fogo,

Efêmero que se faz eterno.




Burilar palavras ...,

Não sei, não é meu ofício.



Saem qual lava incandescente,

Cuspida por erupções,

Das entranhas d’alma.






O ácido corrosivo das palavras,

Atinge certeiro,

As profundezas do coração.



O que É, se disfarça p’ra não Ser.



Estropiada e Só,

Procuro chão sob meus pés.





Estamos Livres.



O Mal se Desfez em Pó.



Vire a página.

Dizem-me ..., Anjos Estraçalhados.



Procuro a Paz em teu olhar,

Na ânsia de tornar o Sonho Real.





Caminho pelas ruas,

elas vão se ampliando.



Quando percebo,

saí da cidade, do país.



A sensação de impotência,

invade minh'alma;

Meus olhos fotografam tudo.



O Coração sangra.



As Imagens vão se fixando na retina:

São Dores estampadas,

nas manchetes, nos olhares.



Meus olhos se transformam em rio.



Sou parte dessas dores, da miséria,

dos descaminhos;

Ao mesmo tempo observo,

Já, não são fotos.



Fecho os olhos.



Ouço os Gritos do Silêncio !

Imagens de Sonhos,

Pesadelos Doidos.



Retratos atrasados,

Sinopse de um Filme inacabado.


Milhares de Mortos - Vivos,

Brincam de Guerra.



Sob tais Pés,

Crianças Choram.



Quem Secará as Lágrimas,

Quando ...,

O Baile De Máscaras Acabar ?

Transcender.

Morrer um pouco.

Renascer.

A cada dia, menos um Véu.

Reerguer-se,.
e procurar tua mão ...,

Para Olhar Estrelas.


Naufrágio






Mergulhou ao fundo, buscou o casco coberto de limo e algas, colou as partes que se partiram. Refez a pintura, poliu. Refez a sala de jantar com suas finas louças de cristal e porcelana antes de abrir um espumante que recolocou na garrafa colada. Aos poucos, a bebida tomou a cor delicada e borbulhou sensual na longa taça, que ela ergueu num brinde ao olhar para o grande relógio acima da lareira. Sentiu o gelado de sua bebida preferida adoçando-lhe a boca, que de repente se fizera vermelha, contrastando com o vestido de um salmon quase rosado deslizando em duas delicadas saias sobre o corpo esbelto que refizera.

Olhou os fantasmas que não via, mas supunha, e resolveu refazê-los, porém não quis que lhe olhassem ou lhe sorrissem, quis apenas observá-los. Então refez o salão de festas, a piscina, o saguão, e desfilou atenta e silenciosa, engolindo, extasiada, cada sorriso e cada conversa, cada olhar e cada silêncio. Não sabiam de nada, mas ela sabia.

Brincou de Deus naquele instante, olhando, às vezes com piedade, para os inquietos do grande salão, as damas elegantes e delicadas, as jovens que ainda fantasiavam o brilho de um casamento promissor, banqueiros com olhos que reluziam cifras, sonhando com suas fortunas nos cofres, nos bancos e em seus corações vazios. Não suspeitavam de nada, mas ela já sabia, era Deus passeando entre mortais que já nem existiam mais se não porque ela os queria ali mais uns segundos. Nesse instante julgou-se egoísta, perguntando a si mesma se queria ver a dor outra vez naqueles rostos. Não vira. Imaginara.

Fecha os olhos acariciando a pele macia do colo que tantas vezes sentira os amores ardentes de sua juventude cobiçada e desejada. Melhor soltar os cabelos e sentir a brisa fria brincar com eles tornando a sua visão ainda mais sensual para si mesma, queria se desejar aquele instante como deveria ter se desejado a vida inteira. Queria sentir a si mesma, descobrir-se e penetrar no mais profundo de seu próprio eu e de sua beleza descuidada, de seus sonhos cheios de limo, um limo verde e lamacento que não desgrudava mais.

Viu uma dama sendo cortejada numa mesa próxima a janela. Sentiu-se como que insuflada por uma substância gélida e sem doce, causando-lhe um mal estar duvidoso, mal estar que tinha outro nome que não queria recriar. Foi tomada de um súbito medo de sentir-se humana de novo, porque naquele momento invejou aquele sorriso, o colo perfeito. Depressa, arrumou a postura lembrando-se que era deus, podia deixá-la só e infeliz para que sentisse depressa o gosto amargo que se sente depois de se embriagar naquela bebida tola chamada amor. Então lembrou-se de que aquela pobre jovem, tão ingênua, não desconfiava de nada, mas que ela sabia tudo e foi tomada por uma apreensão que se transformou numa angústia doentia lhe fazendo lembrar por que viera ali.

Suspira quase angustiada querendo desfazer o casal, mas dirige os olhos com uma piedade tão intensa para aquela figura linda perto da janela, olhando de vez em quando para o céu negro e imaginando o mundo imenso que julgava estar prestes a engolir e nunca engoliu. Seus olhos pareciam paralisados como se visse a si mesma, tão cheia de sonhos; queria tocá-la e sentir a maciez dos seus cabelos avermelhados. Sente aquela substância salgada tocar seus lábios, contrastando com o doce do champanhe que acabara de beber, como a vida contrasta o doce e o amargo em cada pedaço de silêncio que entrega.

Caminha aflita até o grande relógio, girando os ponteiros para que chegasse logo a hora, e desfaz todos os gritos e sorrisos, todos os rostos e sonhos. Seria egoísta até mesmo com sua solidão. Queria estar só para sentir as águas geladas cobrirem seu corpo frágil sob a seda suave. Queria estar só para sentir-se dona da noite e daquele pedaço imenso de tragédia.

Então, naquele instante a popa começa a desaparecer coberta pelas águas, já não tinha mais para onde ir, mas não fugiria. Engole a noite com os olhos ardentes de silêncio, engole o brilho das estrelas para sentir-se iluminada. Não havia mais tempo e a sensação do limite já lhe tocava os pés, que nunca tocaram o chão. Ali chegara finalmente à borda. Não pensa em mais nada. Recusa-se. Não queria dividir aquele momento com suas lembranças, não queria que personagens de seu passado ou presente fizessem parte daquela passagem árdua e ao mesmo tempo extasiante.

O cume escuro já quase desaparecia, o vestido flutuava fazendo volume na água. Não cairia. Sentia o corpo congelando, mas sentiria cada segundo. Sentia somente o gelo explorar cada centímetro de seu corpo, da mulher que fora um dia, cheia de sensações. Abdômen, seios, ombros e nuca. Permite-se um sorriso enquanto faz amor com a morte em meio ao êxtase silencioso de seu delírio.

Queixo, lábios e o ar foge sem ter para onde ir, fazendo borbulhas na água, como uma imensa taça de champanhe esquentando sem ninguém beber.



Nasci em Paranaguá, mas de coração sou de Iguape, é lá que fica a casinha encantada da minha infância, onde recebi meus primeiros livros pelo correio; clássicos diversos, como Cinderela, despertaram a paixão pelo lúdico. A paixão pela vida se concretizou recentemente, com a chegada da minha filhinha. Aceitei o convite de Drummond e agora ando com uma vontade ardente de viver, de amar, de andar de “mãos dadas” com as pessoas participando o presente antes que o presente se esvaia, por isso resolvi perder o medo e publicar esse conto.


Luciane Martins Monteiro


Sou metida a escrever desde os onze, mas foi na faculdade de Letras que descobri que podia me explorar bem mais. Gosto de mergulhar na alma, masculina, feminina, desvendar os nós de cada um, me enredar entre eles e fingir que sou mais de um, sou tantas, às vezes nenhuma, às vezes fera, outras, água calma, sou assim mesmo, diversa, sou mulher.





Mergulhados num sistema de incógnitas, nunca, na história do Homem, chegamos quantitativamente ao número de habitantes deste planeta. A partir dos anos 50, com o advento da bomba atômica, esta mesma humanidade vem experenciando uma progressiva liberação psíquica, moldada a partir dos encadeamentos da perspectiva histórica, como a guerra fria, a pílula anticoncepcional, a experiência hippie, a crise do petróleo e a globalização, ao mesmo tempo em que produziu um avanço tecnológico e industrial ao extremo, ás custas do ecossistema global.


Face a esta questão, os limites entre a responsabilidade individual e a coletiva ficam tênues a tal ponto que se torna luminescente, a situação limítrofe na qual se encontra a espécie humana. Antes através de sombras, hoje, com mais clareza, é evidente há muito tempo, que os rumos tomados pela Civilização chegaram a tal ponto que colocamos em risco os princípios da sobrevivência. Por que, então, não havíamos tomado uma atitude a favor de um tempo melhor? Quais são, ou foram, os mecanismos que nos conduziram a esta encruzilhada?

Nossa responsabilidade frente à informação é igual à necessidade de encontrarmos a raiz destas questões. E a informação, no sentido frankfutiano, não chega(exclui-se uma elite) sem ruído.

Assim é nosso direito, mas também nosso dever, utilizarmos os meios que dispomos, para obter a mais translúcida percepção das alternativas disponíveis. Assim é nosso dever, mas também nosso direito, utilizarmos os meios cibernéticos, tvs e rádios piratas e/ou comunitárias para construir/desconstruir informação suficiente para que possamos compreender o lugar em que nos encontramos para, a partir de então, trafegar rumo a homeostase [1] planetária.

Compreender-nos como espécie, compreender que é ela, e não o planeta, que se encontra em risco, esta é a tarefa que a bomba atômica nos impôs. Esta é a responsabilidade desta geração.

[1] Homeostase: estado de equilíbrio de um sistema em relação às suas variáveis essenciais.



urbanoideiluminado

Um andarilho que trafega pelas ruas de uma cidade qualquer, latino-americano, sem raça, sem idade, sexo ou religião. Um ser humano sagrado, igual a você.



quinta-feira, 23 de junho de 2011





A flor da cerejeira voa ao vento da manhã
enquanto a adaga repousa na alva seda
olhos perdem-se no horizonte
O Sol Nascente mira o mar espelhado na revolta
Que se oculta no sorriso da manhã.
O dragão está tonto pela fumaça de suas próprias labaredas.
A história só se repete como farsa.
Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, 21 de junho de 2011

A noiva degustou o doce

Culinária


A cada ano aumenta o número de casais que sobem ao altar no Distrito Federal. Mesmo em tempos de independência financeira e de uniões não oficiais, cresce o volume de noivos que fazem questão de oficializar o casório na igreja ou com grande festa. Em 2009, o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) registrou 16.312 novos casamentos celebrados na capital federal – uma média de 44 por dia. CB – Comportamento, 13/03/2011





Uma descarga de energia elétrica percorreu-lhe o corpo. Os cabelos da nuca se arrepiaram.





Jantar à meia luz sempre foi muito prazeroso para ela, mas ouvir Moonlight serenade nas cordas de um violino era o orgasmo.





Foi nesse clima que ele tirou uma caixinha do bolso, abriu e ofereceu uma aliança.





– Quer casar comigo?





O brilho dos olhos respondeu por ela.





– Faremos uma equipe invencível. Somaremos forças. Seremos imbatíveis. Juntos conquistaremos o mundo. Ultrapassaremos todos os obstáculos da vida. Eu te amo, te adoro, te venero. Você é tudo para mim.





– Meu amor, que lindo. Estou tão feliz. Você pensou em alguma data?





– A partir de agora, todo dia pode ser o dia.





– É por isso que eu te amo! Você é firme. Vamos fazer uma grande festa para todos nossos amigos, num lugar bem bonito. Vamos procurar uma igreja amanhã?





– Amanhã é a semifinal! Tenho chances de ser o artilheiro do campeonato.





No dia seguinte Henrique marcou cinco gols e Vanessa ao conversar com cinco padres descobriu uma janela na agenda de um dos párocos. Conseguiu marcar o casamento a 13 meses, num sábado, numa igreja aconchegante de tamanho médio. Tempo o suficiente para todos os preparativos. À noite falaram de realizações e se amaram vitoriosos.





Acordaram tarde no domingo. Almoçaram filé à parmegiana acompanhado de projetos para a festa. Caminharam até a casa de Henrique. A cerveja embriagou o ronco dele enquanto embalou os sonhos dela. Mentalmente estendeu um tapete vermelho, decorou a igreja com velas e lírios brancos. Viu-se num vestido decotado sem alças com cintura apertada arredondando desejos, véu de três metros, grinalda de pedrinhas brilhantes e, em vez de buquê, uma rosa vermelha.





Ele trocou a cama pelo sofá na frente tevê. Ela foi para o micro digitar planejamento.





Escolher sapato. Comprar ou alugar vestido? Agendar maquiador. Definir local para recepção. Cardápio para o jantar? Quem será o DJ? Convites brancos ou creme?





– Bem? Me ajuda a fazer a lista dos convidados?





– Agora?





Ela era insegura. Precisava de alguém do seu lado para segurar a mão.





Mesmo assim escolheu as músicas para a igreja. Confirmou velas e lírios brancos. Decidiu um fraque para o noivo. Alugou um carro preto.





Conforme a data ia chegando, Vanessa ficava mais bonita e autoconfiante.





Discutiu o contrato do fotógrafo. Definiu a praia para a lua de mel, degustou e aprovou doces e salgados. Mandou Henrique providenciar vinhos e uísque.





Juntos fizeram o curso de noivos. Vanessa estava feliz. Crescera como mulher. Aprendera a decidir. Chegara o grande momento de dizer não para Henrique.




Com tamanho fixo como se fosse uma coluna de jornal, escrevi outro conto baseado em matéria publicada no Correio Braziliense. Publico no blog sempre às quartas-feiras antes das 18h. Com tamanho fixo como se fosse uma coluna de jornal. Qualquer hora dessas um grande jornal oferecerá um espaço, tenho certeza.

Roberto Klotz


http://www.robertoklotz.blogspot.com/

Espinhos

Juntou do lixo um pacote de pipoca aberto. Era um homem novo. Tinha pouca idade. Talvez uns vinte anos. Era Negro. Estava barbudo. Usava gorro e roupas pretas. Tinha mãos grandes. Os pés estavam calçados por um par de tênis gastos, (vi que um rasgão, no pé esquerdo, fazia com que aparecesse uma meia cheia de bolinhas) Uns cambitos finos assim. Mostra com os dedos a largura de suas pernas. Tudo isso eu vi na parada que fiz enquanto esperava a mudança de cor na sinaleira. Foi assim que a Professora contou. Uma mulher gorda, minha conterrânea, enquanto fazia compras no supermercado, vaga(rosa)mente. Era isso: ela parecia uma rosa, toda emoldurada por papel celofane com fitas brancas. Sua fala era a narração distraída dos acontecimentos (eu pensei isso, no início; depois vi que não) Ela contou que este mesmo homem escreve sua história com carvão na escada da rodoviária. Parece um desenho. Você precisa ver! Você que gosta de desenhar precisa ver as formas em escrita. É bonito e triste. Toda a sua família sendo riscada no duro da calçada. Mas não é por aí! Ele precisa é de trabalho. Um dia conversei com ele, enquanto aparava os ipês, na frente da minha casa. Ele disse que quer escrever em folhas, mostrar a pobre vida onde há sol mas é a chuva que insiste, nestes tempos difíceis de luto. Parou um pouco e pensou: talvez este pesar faça algum sucesso. - Ele segurou um resto de cigarro- Eu colhi uma flor. Misturei a imagem da minha amiga com seus óculos (uma rosa de óculos!) que ensina e a do homem sujo de carvão- em seu ofício inicial - Lembrei-me de Van Gogh com seu vaso de girassóis.

Mara Paulina Arruda
http://www.mp-arruda.zip.net/

Entre tiros e Palavras

Se você disparar uma palavra à alguém,tenha certeza,ela chegará ao alvo.Como quem saca do coldre a pistola e atira,saiba,a bala não voltará ao cano da arma.Cuidado com as palavras ela faz nascer inimizades onde antes não haviam,ela assassina amizades.

Saque somente quando necessário,quando tiver bem nítido o alvo,não atire na penumbra,o ladrão poderá fugir e um filho teu poderá perecer pela tua própria mão.Ou palavra ferina.

Com a verborragia não se embriague,não se encante com a própria retórica catilina,agindo assim, agirá como o beberrão armado de valentia intoxicada e vazia,mata-se o inocente e faz gargalhar quem te alimenta o vicio, da bebida e da imprevidência.

Não te penses bacharel dos jargões indecifráveis para humilhar o cego que vagueia analfabeto,o humilde è nobre em sua franqueza, e, cordeiro não o imagines.

Agindo como o juiz da injustiça justiçando com o assassínio o empregado que da palavra pouca ousou te dizer NÃO,tão chão mais quanta coragem cidadã.seguiu o destemido o valor das palavras diretas e enxutas,sem sinuosidades e sutis inferências,pobre, desconhecia o Olimpo que o silêncio ,obsequioso das palavras difíceis exige.Pagou com a vida.

Embora soubesse transpôs o muro do “você sabe com quem está falando” .

O diploma marejado de doiradas palavras garante mais do que o privilégio, mais do que o berço e toda a acumulação, è em si mesmo um tesouro de poucos iniciados e assim foi no passado e será no futuro,diria algum empertigado,como no passado não sabe,um revólver não è uma parabellum com cabo de ouro ou cromo embora as duas tenham a mesma finalidade,o ouro distingue o coronel de posses mais avantajadas.

O domínio de uma língua estrangeira,o inglês preferencialmente ,como o francês até um passado recente,denota poder e permite desenvolta circulação, conexões com um mundo desconhecido à massa,entretanto muitos conseguem atingir pleno grau de analfabetismo funcional em todas as línguas as quais domina...
Uma M16 produz mais resultados do que uma papo-amarelo,mas na mão de um chipanzé...

O domínio do idioma pátrio forja as bases para o aprendizado das línguas ,latinas,que línguas saborosas primas-irmãs da portuguesa,quão despetalada e cada vez mais cheirosa flor do Lácio mas quão pouca consideração te devotam.

Um tiro nas idéias e escorre o liquido vital,um cachorro sarnento veio beber a lembrança de seu dono que jaz(z).

Uma pro Santo.Axé.

Wilson Roberto Nogueira

Ferias Frustradas?

Por Elisa Tkatschuk



Uma viagem para a Europa e geralmente associada por nos, brasileiros, a expandir horizontes, aprender novas culturas e, sobretudo, conviver com gente mais rica e educada. Tida como culturalmente inteligente, Europa e, no nosso senso-comum, sinônimo de anglo-saxonismo, riqueza cultural e financeira.

Supõe-se que, em países ricos, a população tenha acesso a melhor educação do mundo e que ela seja acessível a todos. Preparada para seis meses de aprendizado da língua inglesa numa escola na metropole Dublin, Irlanda, eu me deparei com professores pouco qualificados que não supriam a expectativa causada pela grande quantidade de dinheiro empenhada nesses cursos de inglês. Vizinha da Inglaterra, a Irlanda ganhou o apelido de Celtic Tiger dado o grande desenvolvimento economico ocorrido no país nos últimos dez anos. Aqui, para que um nativo seja professor, requere-se apenas um curso de duração de um fim de semana para que ele ganhe o certificado de TEFL, ou Teaching English as a Foreign Language. Por isso, muitos professores nao são professores graduados, preparados para lidar com o desafio psicológico da sala de aula. Ate ai tudo bem, afinal ninguem nasce sabendo e um curso de inglês não e nenhum curso universitario. Mas, quando dinheiro entra em jogo, não há relação custo beneficio que corresponda a situação das escolas de ingles.

Alem disso, e preciso tomar cuidado com a propaganda enganosa. As brochuras das escolas podem prometer cafeterias, cursos e servicos que na verdade não existem. A desinformação ou mal-informação pode colocar a pessoa que comprou o curso numa rua sem saída, uma vez que não existe nenhum recurso ou orgão público, algo como PROCON para estrangeiros, disponibilizado caso ela esteja descontente com o curso que comprou. Já e difícil o bastante viver num país que não fala a sua lingua. Tentar conseguir ajuda em outra língua, onde a ajuda não existe e onde você não conhece as leis, pode transformer o aprendizado cultural num pesadelo e inconveniente muito grande.

Tudo isso quer dizer que se você comprou um curso de inglês de duração de seis meses, chegou no pais, percebeu que a escola não vale o preço que você pagou ou que você foi enganado, você não vai saber para quem reclamar e não tera seu dinheiro reembolsado. Assim, é preciso atenção ao comprar qualquer curso antes de viajar para outro país. Vale a pena checar se a informação que voce recebeu é verdadeira com alguem que já estudou na escola para qual voce esta indo. É triste que, em países que recebem milhares de poloneses, chineses, japoneses, espanhóis e estrangeiros do mundo todo diariamente, não exista nenhum órgão de assistência a imigrantes no que concerne a leis. Mais lamentavel é que muitos europeus culturalmente e financeiramente ricos não tratam os estrangeiros com toda a melhor educação que eles receberam.

No final das contas – literalmente - pode ser muito mais divertido e educacional andar pelas ruas de bicicleta, ler livros, aproveitar o sol de verão até as 21 horas, conversar com nativos e estrangeiros do mundo todo no parque tomando sorvete, sem ter a consciência pesada por um rombo na conta bancaria.

Sphinx

Helena conduzia as cabras

anoite solitude



conduzia o ovo hybris

e o oceano



por constelar o céu

que volantim circundando



via no lunarium temor vacivo



velu frost-nive de anãs a vis,



a saber um dia



saltou



no púrpura límpido


Jussara Salazar

Monofobia

E eu aqui, jogando às traças meus pensamentos alheios, enxergo por entre a neblina densa que se forma nos tensos cigarros que fumo.Nunca mais a voz sinistra pousará como abutre em meus ouvidos espantando os pássaros do equilíbrio.

Integro imagens fúteis com idéias rebuscadas. Quebrado, quase frágil, descubro por instinto as prováveis saídas desta cela cerebral. Mensagens cifradas rasgam a pedra gelada que deforma paredes, tênue labirinto. Teias de transmissão; sinais detectam a ausência lógica do néctar corrosivo que dissolve minha fuselagem.

É o vento gélido que encobre meus passos entre as ruas laceradas desta metrópole. Observo quieto, os fantoches e as bonecas de pano, zumbis feitos de susto e confusão que caminham trôpegos, que desfiam roucos, a cotidiana ladainha mecânica que gera o desperdício. Estátuas de zarcão trajam molambos que recobrem suas almas vazias. Não sorriem nem sonham, conformados pelo intenso espetáculo da frustração. Nesse novelo de circunstâncias imponderáveis, é o maceramento obtido através dos olhares do exílio, que torna intacta minha indignação. É inevitável a escolta ao ultrapassar a região limítrofe entre a insanidade e a lucidez

Ricardo Pozzo

ELA


Ela, sonâmbula ingênua, alimentando-se dos resíduos de pão recolhidos à tarde, em seus passos, brisas suaves de grisálida emplumada em desalinho com o vento, digere antídotos contra seu próprio veneno; depois de enxugar lágrimas de acetona, de enternecer seus sonhos, de dissecar a fauna de seus sentidos, de esmorecer em falsos desatinos,de esquecer seus primários instintos,depois de estar no purgatório e não se enxergar Beatriz,depois de reverter o espólio em simples cicatriz,escalavra em suplício os intervalos do equilíbrio.

 Ricardo Pozzo

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Alegria de Viver

Amo a vida.
Fascina-me o mistério de existir.

Quero viver a magia
de cada instante,
embriagar-me de3 alegria.

Que importa a nuvem no horizonte,
chuva de amanhã ?
Hoje o sol inunda o meu dia.

Helena Kolody.

in : Ontem e Agora, poemas inéditos. Curitiba, SEEC, 1991
acordei bemol
tudo estava sustenido

sol fazia
só não fazia sentido.

Paulo Leminski

in: Caprichos & relachos. são Paulo : Brasiliense, 1983, p 89

Modo de Ser

Rir
às vezes,
é um modo altivo
de chorar.

Helena Kolody

in: Ontem Agora, poemas inéditos. Curitiba, SEEC, 1991
Vim pelo caminho difícil,
a linha que nunca termina,
a linha bate na pedra,
a palavra quebra uma esquina,
mínima linha vazia,
a linha, uma vida inteira,
palavra, palavra minha.

Paulo Leminski
in: Distraídos venceremos. São Paulo: Brasiliense, 1995; p. 18
Frans Snyders (1579–1657), Still Life with Fruit, Dead Game, Vegetables, a Live Monkey, Squirrel and Cat. Oil on canvas; 81 x 118 cm. Signed lower right: F. Snyders fecit. Hohenbuchau Collection, inv. no. HB 87 © LIECHTENSTEIN MUSEUM. Die Fürstlichen Sammlungen, Wien


Fonte: http://www.ellogedelart.canalblog.com/

domingo, 19 de junho de 2011

O amigo é uma terceira perna .

Tika Tonon

Moleque

AO LEITOR, NOSSO IGUAL, NOSSO IRMÃO.




A você que por pouco não é transparente, apesar de sua solidez aflitiva. Que tem a alma folgada como os sapatos de carlitos. A você que sai de casa para entrar no mundo. Que enxerga peixes nas poças da chuva. A você que é um franciscano brutal. Que alimenta os pombos com parafusos. Você que é um relógio onde o tempo estragou. Você que nunca superou as drogas. Que nunca venceu aquela paixão. Que não pode ver uma mesa de cartas. Que come terra. Que é um sapo asfaltado. Você que estrategicamente colocou a cadeira de balanço na corda-bamba. Que titubeia no fio da lâmina, entre herói de você mesmo e vilão dos outros. Que ora tem cansados olhos portuários, de ancoradouros, ora os olhos espreitantes de mato fundo. Que aprendeu a respirar ouvindo as praias. Que tem a chave para todas as praças da cidade. Que bebe junto com o gado as águas estigiais. Que construiu escadas que vão dar no teto. Que inventou janelas inacessíveis. Que construiu mansardas sem alicerces. Que tem uma mitologia de cães cegos. A você que é esta florescência de miasmas. Você cuja alegria é uma careta. Cujo sangue é de auroras. Cujos pêlos são de raízes e líquen. Cujos ossos são de tijolos. E cuja alma é de querosene. Você cuja matéria ao apodrecer virará música. Você que guarda um curió na traquéia. Que tem cabelos no coração. Que tem asas ímpares. Que sai pelas ruas como uma charanga de calúnias. Você que vadia as estrelas. Que porta um revólver carregado de baladas. Que desconfia dos poderes sobrenaturais da linguagem. E que ainda assim diz, diz desesperadamente as coisas, como se fosse arrastado por um desacampamento de ciganos, como se uma guerra começasse por sua causa, como se um mágico tirasse moedas de sua boca, como se as esferográficas guardassem a velha herança das navalhas ruins, como se dizer confortasse seu futuro fantasma. A você que se alberga sob as marquises do luar. A você que tem medo de ser eterno. Que vive o precário vaudeville dos instantes. Que aprendeu a dar cambalhotas com os bobos de shakespeare, com didi mocó. Você que é do tamanho de seu sonho e de sua queda. Você que é do tamanho de seu cadáver. Cuja coragem é um navio de ratos. Cujo temor é uma roça de leopardos. Cujo bom-senso é o pavio da combustão. Cujo reino é uma cratera. Cuja coroa é o nariz do palhaço. E cujo assassinato é um ressuscitar-se. Você que é, às quatro da manhã, a única janela acesa. Você que se intoxica de deus. Que perdeu a identidade. Que perdeu o emprego. Que perdeu o ônibus. Que perdeu a graça. Que perdeu os sisos. Que perdeu o bilhete premiado. Que perdeu o fio de ariadne. E que, ainda assim, volta para casa sangrando como quem assobiasse. A você que canta seus versos para a platéia dos não-nascidos. Que faz parelhas para os afogados. A você que sempre quis ser o poeta de Tróia. O poeta da boca-de-fumo. O poeta de porta-de-cadeia. O poeta dos obituários. O poeta oficial dos nasceres do sol. O poeta oficial da Vila Hauer. E que, ao fim, não é poeta oficial nem de você mesmo. Você que toca trombone dentro de uma piscina vazia. Você que tem queimaduras de terceiro grau por dentro. Você que cata os rebotalhos da cultura materialista e recicla do jeito que dá e não dá, e junca de esperança todos os impedimentos. Você que leva pela mão o menino que foi um dia. Ou que é o idiota entalado no escorregador do parquinho. Você que quase assalta as gurias de retoques e não-me-toques. Você, pescador na avenida das piranhas, que rumina um coração de galinha. Você que está na sarjeta, no apartamento de luxo, no meio do mato, na metrópole, na província, na margem da margem da margem. Na margem da cidade, ainda que no meio dela. Na margem das escolas, das academias. Na margem de todas as liturgias. Na margem de todas as caligrafias. Você, exilado de um país fictício. Você que manipula venenos. Que enlouquece sozinho. Que é, depois do dilúvio, um cogumelo atômico. Você que é uma vela queimando dos dois lados. Que é este ser fronteiriço entre azul e precipício. Que escova os dentes com chuva e maçarico. Você que ama como quem enfarta. Que sobra em sombra. Que é um grampeador de vento. Que é uma colônia de percevejos abstratos. Filho de todas as razias. A você que por mais um pouco seria invisível.







RODRIGO MADEIRA
No mundo materialista é "muito" caro sonhar. Penso que sou "muito" rico. Sou um sonhador com os pés ao chão. Pago um preço "muito" alto por isso. Sendo Poeta e Sonhador, penso ..., se não sou rico, apenas sou "muito".




Olinto Simões

Família

Ele estava ali, algemado, como se alheio à situação. Só mesmo eu o conhecia de outra data. O que teria feito?Um policial á paisana segurando seu braço, a chacrinha da calçada em volta , e eu ali, entre me apresentar para conhecê-lo publicamente ou me mandar. Afastei-me, entrei num  boteco. A imagem dele não saia da cabeça. Uma mulher parou a meu lado,pediu um café.Olhei-a,pincelava o lábio com a língua. Fomos para um hotel. Tirei a calça e a estendi de lado lado na cadeira. a mulher na cama, já roncava !Nu, sentei no travesseiro. deixei-a roncar, para que eu pudesse saber, no noticiário de rádio da madrugada, o destino do meu irmão.Suspendi a mão, quase toquei-a, mas a mão voltou me socando acelerada, mais e mais,  até me aliviar...

João Gilberto Noll.in "Relâmpagos "

sábado, 18 de junho de 2011

http://feyzdemirci.blogspot.com/
Agoniza empanturrado o dia. Dormência e cólicas.




Desaba o morro!

Tudo se converte em pastosa despedida



Despe-se em ruínas o oculto pranto, em pedras torna macias vidas

Sujeira em almas limpas passando o sopro divino. Só mais uma ceia de cães vadios



Restos humanos em faces animais. Anjos voam para não voltar

Chove sobre o entulho urbano e morre um rio renascido em poça



Catador nada em busca da latinha, afoga-se em coco



Urubus namoram futura comida que ainda sonha com a filha e a mulher

passa um tiro de desespero; sonhos nunca. Só pesadêlos



Que preciosos momentos a morte presenteia.



Um sorriso de uma criança o amor da esposa.



O urubu pousado no crânio será o almoço de amanhã

da familia que procura na memória o rosto do afogado.







Wilson Roberto Nogueira
Na véspera da minha morte,


bebi a vida .



Sedento.



Em cada gota flamejante

da tua palavra uma semente,

de Mandrágora.



Wilson Roberto Nogueira
No teclado da tequila




ouço quadros de Frida Kahlo

nos gafanhotos de prata da Revolução

a rubra benção da utopia petrifica

em cada detalhe do mural

a alma imortal do



México!



Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, 14 de junho de 2011

Ela estava no supermercado e lhe perguntou se ele lembrava daquela música...




Absorto em seus pensamentos não respondeu; recordava que Anna outro dia insinuara para assistirem a uma película. Sutil convite desconversado por seu bolso vazio e orgulhoso. Puxando o carrinho conduzia para mais uma escada longe do coração dela, o qual resfriava-se à porta de saída, com um pé a sair e outro com pena de si por ter perdido tanto tempo.





Wilson Roberto Nogueira
Tentava ouvir o silencio dela, mas era tão profundo.Tanto que o sentia pulsar embora não pudesse tocá-la.




Ela gritava em seu silêncio uma fúria vital que jamais transpareceu no mormaço de seus dias de casada.



Tempos em que se protegia ou se ocultava na burka de blá, blás intermináveis. Agora o silêncio a revelava nua.



Em cada lágrima que engolia era o veneno que o matava. Cada soluço silencioso uma lâmina mirando seu pescoço. E nada voltaria a ser como antes. O silêncio dela o condenava pelo abandono que na certeza da posse ele por tanto tempo a supliciava. Agora. Não mais. Estava prestes a voar. Ele, condenado a viver.





Wilson Roberto Nogueira



Fonte:Observadordastorres
Perder alguém e não se dar conta do por quê é ...




Mas já estou acostumando com a idéia. Hoje



em dia é tão simples, basta deletar. Farei isso a partir



de algum dia da semana semana que vier.



Ao menos rendeu uma crônica. Mini-conto?



A vida um mini-conto rasgado e molhado pelo suor da alma.



Algo eslavo "mas não cigano." Ex sou algo ou o ego agora me engoliu



de um vazio que não sonhara até a hora em que ela partiu.



Que ela vá para puta que a pariu. Não. Ela pariu uma puta dor e sumiu.



Ela não sente nada. Lava a vadia, com água o sangue que derrama,



finge drama e mata mansamente com gelo e sobras doadas.



Levar o que da lembrança. Lavar.



Lavar, mas se rasgar não perderei as letras



as letras voam na minha janela enquanto o tempo corre



e fico parado com meu olho do coração. Morto.



Adeus ...





Bang !!

(faroeste na tv)



Wilson Roberto Nogueira

http://www.observadordastorres.blogspot.com/

Morna vida

Quando o Sol fica cansado de criar suor, aí esfria...pouco .



As chuvas vem e vão levando meias e cobrindo os buracos das calçadas.

Não há como não furar sapatos nas calçadas de dentes tortos da cidade;

daí em meio a chuva...paçoca de mal-cheiro, cria da chuva e da lama.

Cidade deitada dorme o domingo.

Leio o jornal que cobrirá o mendigo amanhã.

Ele não dorme, visita a morte sem sofrer.

Irriga a mente de sonhos na planície e acorda dando saltos no escuro de sua vida.

Domingo ou segunda, nenhuma labareda profunda a lumiar o que não se vê

o que não se quer ver não se vê. Jornal para quê?

Futebol na televisão depois do trabalho. Rotina.

Bendita alienação. Qualquer coisa, uma moeda largo na mão do mendigo

Que faz ponto na calçada da esquina da poesia esfaqueada.







Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Chopin mergulhava no Inferno para encontrar o Paraíso;




Na Vertigem executava a Alma, a libertando através da Música.



n`Ele concentrava-se o Cristo recruscificado da Europa



a perdoar os flagelos polimorfos dos grandes Impérios.



O gênio incontido no cristal de sua existência



era embalado por Sand em meio a todas as cortes e silêncios.



Carregava correntes de luz que não o impedia de voar



Voava até o Sol e cego balbuciava seus pesadelos



entre os tesouros produzidos por seus dedos.



A Polônia dilacerada e eterna vivia n`Ele.





Apesar dos doutores Caruncho e Fernandez o apontarem como mero

doente epilético.



Wilson Roberto Nogueira



Fonte: observadordastorres
A burca da mulher ocidental é o comércio de sua nudez.




Wilson Nogueira

Crime organizado

Nas sombras os gatos pardos em insuspeitas fornicações entre o crime público e o privado dão à luz a ninhadas de trevas.



Wilson Roberto Nogueira

(STEREO) The Ecstasy of Gold by Ennio Morricone

Ente etéreo flanando na névoa




estou fantasma de mim



o vento a vida me leva



as vezes sou eu que a sopra para longe



"Como era verde o meu vale..."



Nada



como a cova que se abre ás nossas



passadas



ditando o destino do nosso último pesar .





Wilson Roberto Nogueira
Numa criança-mulher brotou uma flor sem nome flor guardada num saco de estopa e enterrada


no útero da terra sob o lixo. Uma cadela gania de fome mas não comeria daquela semente enterrada

que lutava surdamente para germinar sob o sol mais um dia.

A criança que teve a infância roubada implorava por uma pedra daquele ao qual a estuprou, prometeu. O fogo da fuga e do delírio um pouco de inferno numa vertigem para ver as próprias entranhas e cuspir na própria face por umas moedas, sexo e mais um pouco de sangue e ácido plantando flores sem nomes de sementes secas.



Wilson Roberto Nogueira
O riso solto saltava de um coração preso e caia,


levantava e fugia cego rumo ao desespero , a loucura .

O riso era um rio onde o coração -âncora afogado se nutria .

O riso enganava a tristeza que procurava ceifá-lo no lado escuro da luz.

Por isso o riso não dormia na escuridão

olhava para dentro e lhe matava o coração.

O riso era a máscara da alma rasgada em prantos despedaçada

chorando o fogo no suor desafiando a negra consorte

vertendo vida em gotas num mar de sal.

Rir desafiando a morte esperando por melhor sorte

espera rasgando o rosto numa sombra de sorriso

em olhos cegos de tanto olhar.



Wilson Roberto Nogueira

Urbe cínica

Urbe cínica


Na calçada ao lado da sua companheira de trabalho o motoboy é assistido por algumas pessoas.

Em volta, como velas humanas de devoção a banalidade.

"A ambulância virá em um minutinho".

"Você chamou?".

"Não, a bateria do meu cel acabou. ".

"Bom, pelo jeito ele pode esperar."

"Você sabe, eles não têm responsabilidade, um dia isso tinha que acontecer mesmo a um deles".

"Vai ver mereceu"

"Deus do céu, não fale assim!".

"E eu aqui no chão tenho que ouvir isso, e ninguém me escuta!"

Chega a ambulância e partem todos, menos o morto que partira antes ou estavam todos; voltando a suas casas como fantasmas sem lançar sombras aos passos .



Wilson Roberto Nogueira

domingo, 12 de junho de 2011

Aquela pedra bebeu o grito na escrita da história.


Calada, continua cúmplice do homem

desde o proto humano a esmagar o crânio do irmão.

Estará lá quando os viajantes das estrelas

forem metamorfoseados em pó de estrelas.

Pois somos só memória do Sol

um cisco fóssil que ainda brilha

no sonho das luzes dos olhos teus.





Wilson Roberto Nogueira





http://www.escutaciber07.blogspot.com/
Caminhar entre altos prédios,


preparar cada passo solene.

Avenidas vazias.O poder é solitário.

O simples funcionário

sai da repartição e , para todos

os fantasmas atrás dos números

é um tirano.Ele, sabe-se escravo.

Caminha solene sobre as formigas

enquanto a sombra da repartição

bebe-lhe o sol dos dias .

Prédios cinzentos almas em cinzas;

O vento sopra para longe o dever cumprido.

Dores nas costas não mais.

Mais um dia.

Wilson Roberto Nogueira

Torcendo Sombras

Atravesso a rua



atravesso



atrás do vezo da trave



no olho



vejo jorrar água negra



da boca de lobo



hálito da mundana polis



e seus filhos bastardos



tropegando donativo do cão



no lixo frente aos dentes de ouro



da afluência flotante e suas flatulências



made in Miami ou não me ame.



Molhando a sedenta mão da amoralidade



domando modos dissimulados na água pura dos Alpes .


Wilson Nogueira
Quem bebe de mim sou Eu.


bato de frente e no meu reverso,

vejo duas miragens de voce

sozinho asso meu porre

torcendo sombras,

vivendo a dançar no fio da lâmina

de um sorriso diferente em cada

canto da boca que cala no grito da madrugada.

O malandro agulha sempre se perde se gaucheando

nas lápides de seus pés.

Pó dourado, mas sobretudo pó .

Já vai tarde poetorto, não há lugar para você na cidade

A cidade pulsa vidro e aço e as personas de plástico

cobram caro o riso e o pranto da idéia.

Vendem vendas

valores em cada teatro de dores.

mercadejamos mercenários momentos de prazer

dores, só dos outros nossos ouros secretos?

Sabem as sombras que nas igrejas torcemos.



Wilson Nogueira
O céu cerrou as pálpebras,


chorando gafanhotos de metal.



No abraço de abandono

a lua afogara-se no sonho lacustre

perdendo a face.



Enquanto cerravam fileiras

florestas de fumaça

sobre a óssea plantação.



Amanheceu ruborizada a manhã.



Nos movimentos leitosos das nuvens

a tarde dormiu sem nenhuma esperança



ao olhar o alvo olho da escuridão.







Wilson Nogueira

tal como na visão de extinção de Paul Celan em que o último nó do ar está numa faísca,a escuridão aqui relata um céu impossibilitado,porém,fumegante e estou certo que ainda anil;por isso a ''óssea plantação'' não se quebrou completamente,a fratura é o sono da esperança,ela acorda em sua dor onde o rosto perdido da natureza,não alvorece o lago e nem tão pouco o cinza das nuvens do corpo extinto,mas,tambem não aquiesce a morte.



T.S.

Burocrata

O burocrata enfia a janela no jornal


enquanto o acidadão abaixa a cabeça

no lixo

O poder, por um minuto para para olhar

e imóvel vela a sorte.

Sobe, pesado, o degrau

sua sombra lhe foge no mármore.

mais um mormaço

sebo nas veias entopem o coração.

Jornal cobre o rosto da repartição

café derramado.

enxame de vidros na colméia de aço

lá fora pesadelos de papel pegam fogo

cinzas sopradas para longe

mais um barraco.

na pedra um enigma

O que quer dizer cidadão ?



Wilson Nogueira
O som alto da tele visão conversa com o silêncio


ricocheteando na pele das paredes surdas

enquanto correntes pesam sobre a cama

que faminta morde mais uns nacos de vida.




Wilson Roberto Nogueira



http://www.observadordastorres.blogspot.com/

Vox Urbe - Fabio Weintraub 01

sábado, 11 de junho de 2011

Aquela pedra bebeu o grito na escrita da história.


Calada,

continua cúmplice do homem

desde o proto humano

a esmagar o crânio do irmão.



Estará lá quando os viajantes das estrelas

forem metamorfoseados em pó de estrelas.



Pois somos

só memória do Sol

um cisco fóssil

que ainda brilha

no sonho das luzes

dos olhos teus.





Wilson Roberto Nogueira
Guardara consigo


algo no peito

por muitos anos, até escurecer

o branco dos olhos, uma caixa de sombras

amparando fragmentos

de estátua acorrentada sob o granito

da caudalosa escada.



Wilson Nogueira
A lua chorava


enquanto ela chovia

suor da alma que amava

o sangue escorria

ela não via

era tão doce que a dor sarava .

no espelho dos olhos escorria

imagens à margem da empoeirada

caminhada dos dias.

afundava quanto mais amava

sem sufocar morria.

A lua chorava

de tanto rir.



Wilson Nogueira
A paz sonha existir, mas é apenas a gota nankin na pluma de um poeta anônimo




ou o sonho da guerra .







Wilson Roberto Nogueira
Fantasmas marcam presença no vácuo da Sala Solta


Fantasmas

miasmas que miam nóias

marcam presença

no vácuo da Sala solta

da Biblioteca .



Dançam cabeças

sóis e sombras

nas letras da Big Band

Gers....in



Enquanto o pranto se alegra

atrás da poeira sorrateira

dos quadros

sonhos de senhas ocultas

tartamudas nuas sanhas

assanham tédios

guardas em greve.



Entrevados papéis sem leitores

sem pernas e sem asas

livros jogados na estante cinza

das dês-idéias.



O fantasma espetado espera...





Wilson Roberto Nogueira

quinta-feira, 9 de junho de 2011

"...O esplendor elétrico das grandes cidades, ao ocultar o brilho das estrelas, prejudicou a humanidade. O homem deixou de ver as estrelas e deixou de se confrontar, todas as noites com o ilimitado, o infinito, a fantástica imensidão do universo e por isso os homens perderam a humildade, e com a humildade, a razão.
O desvario do mundo está diretamente ligado ao exôdo rural e a multiplicação vertiginosa das grandes cidades."
José Paulo Agualusa

quarta-feira, 8 de junho de 2011

leitor

O vento deu para ler os jornais. Entra janela adentro e vira as páginas ao seu modo. Gosta muito das variedades e se enaltece com as crônicas dos poetas. Não conta para mim sobre o que anda fazendo, suas viravoltas, seus problemas com os tufões e as tempestades. Ele é discreto e faz piadas refinadas. Acompanha o farfalhar das palavras caindo aos pés das árvores. Sendo um admirador de John Constable e de Cecília Meirelles sente-se um pouco estressado com as artimanhas que o tempo vem fazendo. Não que ele seja uma daquelas pessoas intransigente que resiste às mudanças. Não. O vento é um espírito de criança. Com o seu jeito luxuoso de ser abre uma barra de chocolate, passa a mão no gato e abarca os jornais lendo-os aqui, bem aqui, pertinho de mim, na minha sala, neste apartamento pequeno, onde há poltronas de nuvens, preparada para ele e seus piercings de prata.



 Mara Paulina Arruda (Chapecó, Santa Catarina )
fonte: http://www.mp-arruda.zip.net/

domingo, 5 de junho de 2011

Elucubrações de Manuel

Manuel sentou-se ao lado de Neiva. Os dois esperavam o ônibus, no fim da tarde. Pessoas apressadas, a noite vinha chegando, o jantar por fazer, pardais voando em direção às suas árvores. Manuel puxou conversa com Neiva por conhecê-la do mesmo bairro onde morava. Sua esposa e ele já tinham almoçado juntos numa festa da comunidade. Manuel desandou a contar de uma menina, vizinha deles, que tinha sido abandonada pelo pai. No meio da conversa Manuel lembrou-se de sua primeira professora. Uma mulher gorda, ele disse, mais gorda do que eu. Durante dias ela insistiu que eu aprendesse o a, o b e o c. Quando chegou no c é que foi o complicado da coisa. Não conseguia entender que o c era o desenho das ondas do mar. Mas que difícil isso! Eu, Manuel da Silva, até hoje nem conheço o mar! E a professora insistiu... até que passou para o d. Essa letra foi mais fácil por me fazer lembrar que uma pessoa sem crença é uma pessoa vazia e, então, comecei a escrever e a ler. Descobri o desenho das letras. Neiva estupefata com o relato de Manuel não sabia o que falar e perguntou da menina, aquela que ele tinha iniciado o causo. Manuel levantou-se do banco. Disse que ela estava bem; estava segura e que tinham encontrado uma alma boa para cuidar dela e, apontou para o ônibus que vinha chegando. No trajeto nem uma palavra mais ele disse.


Mara Paulina Arruda
Achados e Perdidos :  http://www.mp-arruda.zip.net/

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A Pagã

Os brasileiros passam frequentemente por momentos de crise e confusão. É quando se torna necessário maior apoio psíquico e espiritual . Márcio se sentia perdido. Sem rumos na vida . o emprego periclitante. O casamento malparado. Recomendaram-lhe a ajuda de um famoso guia místico. Cristianismo com toque indígena . Uma tenda na zona oeste. Pouca luz na região . Márcio procurava o endereço. atrás de uma janela verde, viu a luz de velas . Entrou a procura do guru Anhangá. mas ali não era a tenda era uma discreta casa de massagens vivendo a lei do apagão. fabíola era uma excelente profissional do amor. márcio já se sente com mais energia. Vive com Fabíola uma paixão e mandou o emprego para o espaço. É no escuro que se acha o rumo certo.

Voltaire de Souza.

Ócio Criativo

As novas tecnologias contribuem muito para aumentar a produtividade no trabalho.Mas o sr. ramiro andava preocupado. Ele era gerente de uma firma ligada à informática."O pessoal anda zoando muito na internet. " Sites eróticos.Conversa fiada. ramiro resolveu investigar.O office-boy Cléverson foi surpreendido delirando na web.Consultava a página de lady Fukuda. Confissões chocantes da famosa cortesã japonesa. Ramiro ficou impactado. Não sabe explicar. Beijou Cléverson longamente."Quer ser meu provedor de conteúdo ?" a firma fechpu depois de alguns meses. Cléverson e Ramiro vivem hoje no litoral norte paulistano e vendem lanches naturais nos fins-de-semana. A técnica só faz sentido quando consegue mudar a nossa vida.

Voltaire de Souza , in "Vida Bandida"