terça-feira, 21 de junho de 2011

ELA


Ela, sonâmbula ingênua, alimentando-se dos resíduos de pão recolhidos à tarde, em seus passos, brisas suaves de grisálida emplumada em desalinho com o vento, digere antídotos contra seu próprio veneno; depois de enxugar lágrimas de acetona, de enternecer seus sonhos, de dissecar a fauna de seus sentidos, de esmorecer em falsos desatinos,de esquecer seus primários instintos,depois de estar no purgatório e não se enxergar Beatriz,depois de reverter o espólio em simples cicatriz,escalavra em suplício os intervalos do equilíbrio.

 Ricardo Pozzo

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