terça-feira, 21 de junho de 2011

A noiva degustou o doce

Culinária


A cada ano aumenta o número de casais que sobem ao altar no Distrito Federal. Mesmo em tempos de independência financeira e de uniões não oficiais, cresce o volume de noivos que fazem questão de oficializar o casório na igreja ou com grande festa. Em 2009, o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) registrou 16.312 novos casamentos celebrados na capital federal – uma média de 44 por dia. CB – Comportamento, 13/03/2011





Uma descarga de energia elétrica percorreu-lhe o corpo. Os cabelos da nuca se arrepiaram.





Jantar à meia luz sempre foi muito prazeroso para ela, mas ouvir Moonlight serenade nas cordas de um violino era o orgasmo.





Foi nesse clima que ele tirou uma caixinha do bolso, abriu e ofereceu uma aliança.





– Quer casar comigo?





O brilho dos olhos respondeu por ela.





– Faremos uma equipe invencível. Somaremos forças. Seremos imbatíveis. Juntos conquistaremos o mundo. Ultrapassaremos todos os obstáculos da vida. Eu te amo, te adoro, te venero. Você é tudo para mim.





– Meu amor, que lindo. Estou tão feliz. Você pensou em alguma data?





– A partir de agora, todo dia pode ser o dia.





– É por isso que eu te amo! Você é firme. Vamos fazer uma grande festa para todos nossos amigos, num lugar bem bonito. Vamos procurar uma igreja amanhã?





– Amanhã é a semifinal! Tenho chances de ser o artilheiro do campeonato.





No dia seguinte Henrique marcou cinco gols e Vanessa ao conversar com cinco padres descobriu uma janela na agenda de um dos párocos. Conseguiu marcar o casamento a 13 meses, num sábado, numa igreja aconchegante de tamanho médio. Tempo o suficiente para todos os preparativos. À noite falaram de realizações e se amaram vitoriosos.





Acordaram tarde no domingo. Almoçaram filé à parmegiana acompanhado de projetos para a festa. Caminharam até a casa de Henrique. A cerveja embriagou o ronco dele enquanto embalou os sonhos dela. Mentalmente estendeu um tapete vermelho, decorou a igreja com velas e lírios brancos. Viu-se num vestido decotado sem alças com cintura apertada arredondando desejos, véu de três metros, grinalda de pedrinhas brilhantes e, em vez de buquê, uma rosa vermelha.





Ele trocou a cama pelo sofá na frente tevê. Ela foi para o micro digitar planejamento.





Escolher sapato. Comprar ou alugar vestido? Agendar maquiador. Definir local para recepção. Cardápio para o jantar? Quem será o DJ? Convites brancos ou creme?





– Bem? Me ajuda a fazer a lista dos convidados?





– Agora?





Ela era insegura. Precisava de alguém do seu lado para segurar a mão.





Mesmo assim escolheu as músicas para a igreja. Confirmou velas e lírios brancos. Decidiu um fraque para o noivo. Alugou um carro preto.





Conforme a data ia chegando, Vanessa ficava mais bonita e autoconfiante.





Discutiu o contrato do fotógrafo. Definiu a praia para a lua de mel, degustou e aprovou doces e salgados. Mandou Henrique providenciar vinhos e uísque.





Juntos fizeram o curso de noivos. Vanessa estava feliz. Crescera como mulher. Aprendera a decidir. Chegara o grande momento de dizer não para Henrique.




Com tamanho fixo como se fosse uma coluna de jornal, escrevi outro conto baseado em matéria publicada no Correio Braziliense. Publico no blog sempre às quartas-feiras antes das 18h. Com tamanho fixo como se fosse uma coluna de jornal. Qualquer hora dessas um grande jornal oferecerá um espaço, tenho certeza.

Roberto Klotz


http://www.robertoklotz.blogspot.com/

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