Urbe cínica
Na calçada ao lado da sua companheira de trabalho o motoboy é assistido por algumas pessoas.
Em volta, como velas humanas de devoção a banalidade.
"A ambulância virá em um minutinho".
"Você chamou?".
"Não, a bateria do meu cel acabou. ".
"Bom, pelo jeito ele pode esperar."
"Você sabe, eles não têm responsabilidade, um dia isso tinha que acontecer mesmo a um deles".
"Vai ver mereceu"
"Deus do céu, não fale assim!".
"E eu aqui no chão tenho que ouvir isso, e ninguém me escuta!"
Chega a ambulância e partem todos, menos o morto que partira antes ou estavam todos; voltando a suas casas como fantasmas sem lançar sombras aos passos .
Wilson Roberto Nogueira
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