Agoniza empanturrado o dia. Dormência e cólicas.
Desaba o morro!
Tudo se converte em pastosa despedida
Despe-se em ruínas o oculto pranto, em pedras torna macias vidas
Sujeira em almas limpas passando o sopro divino. Só mais uma ceia de cães vadios
Restos humanos em faces animais. Anjos voam para não voltar
Chove sobre o entulho urbano e morre um rio renascido em poça
Catador nada em busca da latinha, afoga-se em coco
Urubus namoram futura comida que ainda sonha com a filha e a mulher
passa um tiro de desespero; sonhos nunca. Só pesadêlos
Que preciosos momentos a morte presenteia.
Um sorriso de uma criança o amor da esposa.
O urubu pousado no crânio será o almoço de amanhã
da familia que procura na memória o rosto do afogado.
Wilson Roberto Nogueira
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