terça-feira, 21 de junho de 2011

Monofobia

E eu aqui, jogando às traças meus pensamentos alheios, enxergo por entre a neblina densa que se forma nos tensos cigarros que fumo.Nunca mais a voz sinistra pousará como abutre em meus ouvidos espantando os pássaros do equilíbrio.

Integro imagens fúteis com idéias rebuscadas. Quebrado, quase frágil, descubro por instinto as prováveis saídas desta cela cerebral. Mensagens cifradas rasgam a pedra gelada que deforma paredes, tênue labirinto. Teias de transmissão; sinais detectam a ausência lógica do néctar corrosivo que dissolve minha fuselagem.

É o vento gélido que encobre meus passos entre as ruas laceradas desta metrópole. Observo quieto, os fantoches e as bonecas de pano, zumbis feitos de susto e confusão que caminham trôpegos, que desfiam roucos, a cotidiana ladainha mecânica que gera o desperdício. Estátuas de zarcão trajam molambos que recobrem suas almas vazias. Não sorriem nem sonham, conformados pelo intenso espetáculo da frustração. Nesse novelo de circunstâncias imponderáveis, é o maceramento obtido através dos olhares do exílio, que torna intacta minha indignação. É inevitável a escolta ao ultrapassar a região limítrofe entre a insanidade e a lucidez

Ricardo Pozzo

Um comentário:

mariquarentei disse...

qual? ....coragem!


talvez,



ultrapasse...


o ser corajoso.