Quando me perguntam quem eu sou,
digo que sou uma incongruência,
algo sem qualquer valia
ou serventia,
meio sem jeito e nexo,
personagem inexpressivo,
que se recusa a ter culpas, complexos,
conta bancária
ou cartão de crédito,
males e coisas,
totalmente esdrúxulas,
dentro do processo energúmeno,
que insistem chamar de civilizatório.
Quando perguntarem por mim,
pelos locais por onde ando,
digam que ando por baixo e por fora,
pelas ciclovias das realidades inexistentes,
esperando encontrar, numa dessas andanças,
um lugar que nem sei definir,
mistura de porto, estalagem e bar fuleiro,
em que o andarilho chega,
dorme, acorda e come o que existe no balcão de vidro,
e vai-se embora, de novo, sem paradeiro,
apesar do pouco dinheiro,
apesar da ausência de guias e mapas,
apesar dos que dele ficaram a rir.
- por Hans Gustav Gaus, heterônimo de JL Semeador, na Lapa –
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