Ao passear por sua pele
eu descubro quase tudo;
marcas, sardas, cicatrizes,
fendas, dobras, diretrizes,
essências que brotam impunemente
néctar envenenado de serpente
suor, saliva e aguardente.
Se não é, parece!
Pois toda a vez que eu percebo,
já nem sei das minhas pernas,
embriagado que estou.
Ao passear por sua pele,
deixo marcas preciosas,
abro todas as janelas,
escancaro minhas portas,
escorrego, não importa!
se num recanto obscuro
eu me lambuzo do seu ser.
Ao passear por sua pele
eu me envolvo em suas teias
e absorvo tantas chamas,
colho gemidos quase loucos,
se não morri ainda, foi por pouco!
E então escrevo o absurdo,
poemas plenos e obscenos,
choro lágrimas convulsivas,
ferida aberta, carne viva...
Detesto a hora da partida,
pois toda vez que amanhece,
vou pra bem longe de você.
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