Hoje o sono profundo borda-me as pestanas com fios de linho,
que guardo em retalhos seminus num retrato amarelecido de uma qualquer saudade,
cuspida num prado onde o repouso se esqueceu de ti. Nunca me vesti de negro nem
o negro se vestiu de mim, apenas disse-te:
- Até já.
Sabia que te traria comigo nas palavras mais amargas, na
rudeza inconsciente de uma menina que tinha medo do monólogo das sombras. Das
janelas trancadas da minha infértil insegurança, por ainda saber-te vivo na
minha carne, impregnada de impressões digitais, tão mórbida como a terra
prometida.
O mundo sonhador era tão solitário como um quadrado sem
lados…
Conceição Bernardino
Nenhum comentário:
Postar um comentário