Luiza Silva Oliveira
Nos latejos da noite, fantasmas perpassam minha memória...
cubro minha cabeça tentando sufocar-me...
os ruídos da rua, com suas motos e automóveis barulhentos me
reconduzem à aspereza da vida.
Me desespero, me reconduzo.
Os fantasmas da noite lentamente se desfiguram e vão se
transformando em personagens na minha psique...
nas rudezas do seu caminhar, ensaboam-se na lama, com seus
pés sujos, afundando em um lôdo quase, sem regresso...
Um medo taquicardíaco me invade; e busco uma fuga para o meu
ser.
Os fantasmas me invadem e caminhamos juntos, na madrugada,
buscando novos rostos transfigurados para compactuar com nossos sentindos,
Nessa doce cumplicidade, a madrugada com suas luzinhas
coloridas, dança no seu cabaret de ilusões e sonhos;
Sonho com a atemporalidade e o renascer. Movo-me.Locomovo-me
entre as agruras do tempo, tentando aquietar meu coração. Decepo minha alma,
entre monstros cortejantes e volto para o regalo dos desejos e das inquietações
ah...meus nervos latejam novamente... me desgarro do
passado, por um instante...
O novo se descortina, esbarrado pelos muros e escombros do
passado...
me regozijo com o seu passar e lentamente vou aspirando cada
sopro de vida, esgarniçado,
escarniçado...
Com os olhos vermelhos, injetados, busco um soro para a
poeira da solidão...
feridas e cicatrizes desfilam ao som de tambores de
fanfarras juvenis...
veias entupidas naufragam num mar de esperas e incertezas,
aguardando sua travessia.
Respiro o ar trêmulo da noite, me apaziguando com cada
clarão que se anuncia...
- os fantasmas em uníssono, questionam...são as luzes da
ribalta?
Perpasso... no ritual; na santidade me resguardo, ansiando o
sinal da vitória;
como numa longa estrada da terra vermelha, vou tramitando,
buscando sinais de vida;
Trêmula, vanglorio-me entre o rastejar e o caminhar coxo...
me espreguiço e num tombo desolador, caio da cama.
Desperto para o novo dia anunciador, da vitória ou da
derrota - como tipos esquálidos que atravessam o túnel escuro, sem pestanejar.
São os delírios mirabolantes do destino que desatinam sempre
à mercê de chuvas e trovoadas...
The end
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