O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno,
dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formámos, que se
esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor
romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão,
aceite desde o príncipio, decide variar de ideal constantemente, tecer
constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se
renove o aspecto da criatura, por eles vestida.
"Fernando Pessoa"
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