terça-feira, 31 de julho de 2018

a queda




● a violenta manada ruiva de cavalos ruivos ●
● depois de pastar apenas flores ruivas e amarelas ●
● atravessados pelo tedio mortal das tardes violetas ●
● reunidos sobre a sombra desocupada duma arvore ●
● plantaram os cascos na grama como parasitas novos ●
● todos alegres mas de olhos fechados todos pensando ●
● uns em desertos outros em mares com tempestades ●

● o certo é q de repente zarparam como se dançassem ●
● num ritmo ridiculo mas tambem suave e harmonico ●
● todos rindo despreocupados em mares e desertos ●
● sim isso é certo poderia um deles ter pensado logo ●
● antes do penhasco q se aproximava mas sonhavam ●
● em antigos relinchos da infancia e se precipitaram ●
● o certo é q falaram durante a queda e muito riram ●

● a questão surgida pelo mais ruivo dos cavalos era ●
● sobre a possibilidade da mortalidade dos cavalos ●
● dai a risada impulsiva e ruiva dos cavalos ruivos ●
● a velha morte sim como a morte de tudo q respira ●
● disse o mais ruivo dos cavalos ruivos sim e cairam ●
● depois da queda sim se ergueram e sairam alegres ●
● eles sabiam sim q os cavalos ruivos são imortais ●

● porissso cantavam corvos assados com batatas ●
● quase verdes com raizes insetos e desertos ●
● crocantes como cigarras tanajuras e mares ●
● na manteiga crua quase leite recem batido ●
● sem tirar nem visceras nem asas de corvos ●
● postos em gordura de porco ate tostar e chorar ●
● gotas brilhantes de vida e morte e todos riam ●
● na dura pradaria de flores ruivas e amarelas ●

*ALC

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