Ser poeta é abrir a janela
e sentir o impacto da vida
como um coice
no peito nu.
Ser poeta
é esquecer as palavras
na ponta da língua
e achá-las depois
no bolso
ou num velho banco
de um jardim de inverno
quando já não tem mais ninguém pra te ouvir
e só te restou
escrever
este poema.
Ser poeta
é não aceitar
que as coisas passem
e tentar reter
alguma imagem delas
(um eflúvio, um efeito, um afeto...)
com palavras
– que passarão, quem sabe,
mais rápido ainda.
Otto Leopoldo Winck
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