quinta-feira, 12 de julho de 2018


-- Inventa aí um verso. Um verso bem louco.
-- Teu nome é uma cicatriz na minha espessura.
-- Há-há, legal. Outro.
-- Está pensando que eu sou uma máquina de poesia?
-- Você não é poeta?
-- Mas não uma máquina.
-- Deixa de frescura. Inventa aí.
-- O sol escorregou pela encosta e a noite aflorou nos bordas dos meus olhos.
-- Puxa, que lindo! Agora já sei que você é poeta. Mas será prosador também?
-- Com certeza. De minha lavra às vezes rola um verso, às vezes rola um conto.
-- Então, diz aí o início de um conto.
-- Só se for um continho, um conto pequeno, porque minha paciência está acabando.
-- Tá bom. Pode ser.
-- Inventa aí um verso. Um verso bem louco.

Otto Leopoldo Winck

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