Não creio em musas
mas que elas existem,
elas existem...
A última delas, por exemplo,
encarnou-se um belo dia
numa sala de aula
úmida e fria.
Fatigado de mais-valia
e de falar para as paredes,
de repente eu percebo, no fundo da sala,
em meio a rostos igualmente fatigados,
e sonolentos,
dois olhinhos vívidos
que acompanham, atentos,
cada palavra que eu digo...
(Ah, quem me dera
eu tivesse asas
ou uma asa-delta...
Eu raptava ela
e ia viver
- de brisa e poesia -
no Nordeste
ou em Pasárgada.)
Otto Leopoldo Winck
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