quarta-feira, 26 de junho de 2019

DESENREDO ONZE




Não basta arder
com as ruínas, é preciso
guardar a brasa entre os dedos. Tu

que és a possessão das asas
e o equinócio
de marés revoltas.

Cada janela cerrada
é um deserto nas pálpebras,
cada embarcação
sem porto.

Querias arder com as aves
e a precária verdade das sombras?

Há de ser a dor de neon
rachando os frutos
e a travessia do fogo.

O mar que teu sonho inventou
está longe. Agora,
és o cúmplice desse arrimo.

(Por vezes,
é o amor mostrando os dentes
ou silêncio que discursa).

Anda, não há romãs
em teu jardim, nem
cheiro de absinto.

O que restou do caminho
segue em teus pés,
enquanto a mão destece
os labirintos.

SALGADO MARANHÃO

(Do Livro "A CASCA MÍTICA)

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