Não basta arder
com as ruínas, é preciso
guardar a brasa entre os dedos. Tu
que és a possessão das asas
e o equinócio
de marés revoltas.
Cada janela cerrada
é um deserto nas pálpebras,
cada embarcação
sem porto.
Querias arder com as aves
e a precária verdade das sombras?
Há de ser a dor de neon
rachando os frutos
e a travessia do fogo.
O mar que teu sonho inventou
está longe. Agora,
és o cúmplice desse arrimo.
(Por vezes,
é o amor mostrando os dentes
ou silêncio que discursa).
Anda, não há romãs
em teu jardim, nem
cheiro de absinto.
O que restou do caminho
segue em teus pés,
enquanto a mão destece
os labirintos.
SALGADO MARANHÃO
(Do Livro "A CASCA MÍTICA)
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