quarta-feira, 12 de junho de 2019

SOMOS TODOS POETAS




Assito a um desdobrar de planos
As mãos vêem, os olhos ouvem, o cérebro se move
A luz desce das origens através dos tempos
E caminha desde já
Na frente dos meus sucessores.
Companheiro,
Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma
Sou todos e sou um
Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vázia do cego,
Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
Sou responsável pelas auroras que não se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.

1936 Murilo Mendes


Nenhum comentário: