Em 1312 eram poucos
os dias de sol
embora o sol não fosse
pouco a ser lembrado;
em 1312 ou trevas
(ou ir-se ao estar-se
onde) era o verão,
o seu dedo em riste
que alertava o coração
sobre a leveza
do dia, do diáfano,
sobre a leveza
do indestrutível,
sempre reportado -
o indestrutível - sempre,
pelas coisinhas no ar.
Reportado o perene
quando um herói
(não de gesta, um nosso)
sonhou dentro dali
o mero de seu sonho,
o fatal cansar-se vendo
e ser visto,
e quanto foi encarado
logo o mendigo
(outro herói?) percebendo
do logro o lusco
o fusco do dia.
(Também este, ó
irreversível o troço
suportando, ó suporte
pela força do hábito;
e era a rosa
o suportado, e era
o hábito o contato
também este,
mesmo renegado
o conceito,
os conceitos, fímbrias,
tosca fímbria
o estético:
não ultrapassando
do sono o pouco -
isso aqui ó
do ridículo, o
ordinário híbrido
também este,
tosco exercício.)
Que havendo
o projeto, o real
e seu quê de
real e de fantástico,
fosse tecnica-
mente detalhe,
um saber da energia
que o destino desse
àquele justo, avesso
que era ao luxo
até o exagero -
sem sobressalto
o nosso herói:
benfeitor dos ratos
nos dias de sol –
nos dias sinistros!,
e tagarelando seja
ainda e tartamudeando
não faça mal -
se um demais houver
do destino, sobre o estado
impraticável
intolerável
das coisas havidas
que deveriam cansá-lo,
usá-lo (ao nosso herói)
que deveriam, que deveria
usar - coisas usadas.
E era devido ao uso
contínuo, irreversível
sob o lusco
o fusco do logro.
Ó jeito antigo -
muito antigo o verão
(1312 ou trevas) -
de saber-se visto
apesar de nosso
o herói; apesar
de procurando a sombra,
a intensa procura
do sereno despertar,
dos lugares frescos
onde o detalhe
- onde o destino.
Ari Marinho Bueno
sábado
14.05.2005
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