RIO DE JANEIRO - Não costumo escrever sobre os livros que
recebo. Faltam-me o critério crítico e o mínimo de conhecimento técnico para
abordar um assunto que conheço mais por instinto do que por gosto. Mesmo assim,
sinto de minha obrigação falar sobre dois livros recentemente lançados que,
além de sua importância intrínseca, valem como instrumentos de formação humana
e cultural.
"História da Literatura Brasileira", do poeta
Carlos Nejar, é uma pequena enciclopédia que trata da carta de Pero Vaz de
Caminha à contemporaneidade. Extensa no tempo, é intensa na penetração dos
autores que formaram a nossa cultura, não apenas a cultura literária em si, mas
o patrimônio espiritual que nos liga como nação, cujos valores humanísticos
Nejar focaliza com a autoridade que conquistou em sua já longa caminhada
literária.
O outro livro é também de um poeta e trata de poesia. Tem um
valor didático e necessário, pois abre um território até hoje pouco explorado
pelos nossos autores. "Poetas da América de Canto Castelhano", de
Thiago de Mello, é uma antologia de excelente bom gosto dos maiores poetas de
nossa língua irmã, de Jorge Luis Borges a José Martí, de Gabriela Mistral a
Pablo Neruda, um elenco monumental que, em parte, é desconhecido pelos leitores
brasileiros.
Quando estive em Cuba, como jurado do Prêmio Literário Casa
de Las Américas, fiquei impressionado pelo desconhecimento recíproco dos
autores latino-americanos. Somente um colombiano, o poeta León de Greiff, que
por sinal está presente na antologia do Thiago, conhecia alguma coisa de
Drummond.
Nejar e Thiago são dois operários que construíram uma obra
que faz parte de nossa perspectiva literária e cultural. Os dois livros que
aqui lembrei honram o nosso momento editorial.
CARLOS HEITOR CONY - 20 Oct 2011
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