De Mara Paulina Arruda
Conversávamos sobre o meio ambiente e, ao acaso veio uma
conversa sobre um homem que carregava garrafas com poesia dentro delas. A cada
praia ele alugava um barco e lançava-as no mar. Caminhava desde nem sei onde
com a esperança de que em outros continentes alguma pessoa pudesse encontrar
suas garrafas e os versos que fazia.
Vindo de um lugar onde houve um passad
o em que as florestas eram importantes e que por
irresponsabilidade humana transformaram-se num lugar árido secando as árvores
octogenárias, queimando as árvores frutíferas e matando os animais, esse homem
resolveu fazer sua própria odisséia.
Por que ele não edita um livro?
Ele fez um gesto de incompreensão com as mãos e disse que
talvez o motivo seja de que a garrafa tem um significado a uma vontade
subjacente à conduta humana. E, além do mais, ele pensa que já é muito
comprometimento fazer poesias, rescrevê-las e colocá-las dentro das garrafas
para ir espalhando-as.
Conversávamos. Ele afagava o pêlo do nosso gato angorá, o
Cristovão.
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