becos
hoje quando voltei da rua
trouxe comigo – nítida –
a ideia de não ter saído do quarto
e vaga sensação de cansaço como álibi invisível
assim como meus passos na rua:
eu entre
os invisíveis
homens
da rua
que olham através da minha carne
e passam
mas não me sinto triste
antes debruço sobre tudo que enxerguei
e me perco em avenidas que não conheço
e nem deixo rastro
(por isso não sei voltar)
estou tranquilo
e o abajur escancara
minhas retinas
os barulhos
da casa
são dispersos
estou tranquilo
enquanto tudo
dança
(meu coração é um
hospício e meu
passo à casa)
calmo abro todas as portas de entrada
e à rua vou como quem procura portas
como quem se perde em ruas que não conhece
mas
sem
saudade
(Marcos Prado)
Nenhum comentário:
Postar um comentário