quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Parte de "Fatos em Potencial




I.

Aparentemente, o escolhido se faz escolhido. Num impulso megalomaníaco, define-se Deus. Ou define-se deus, minúsculo, ou seja, um dentre vários. Este tem o ego um pouco menos sobressalente, consequentemente – neste caso em especial – mostrando-se mais sábio. Para ser o todo, é preciso ser todos os pilares ao mesmo tempo. Para definir-se Deus, é preciso saber que retirar-se é desligar a realidade da tomada. Ninguém é a totalidade. Ninguém pode ser um indivíduo e todos ao mesmo tempo. Espero estar certo com relação a isso.

Todos são pilares – uns estão localizados em pontos mais importantes da bandeja em que toda essa realidade ilusória está disposta. – Se um indivíduo tem a influência necessária e sabe usá-la de forma responsável – para si mesmo –, pode mover e retirar algumas colunas e pronto, foi-se todo o equilíbrio. O tabuleiro cai, ou a bandeja cheia de farinha de estrelas mortas e cebolas em rodelas negras, e com ela toda a realidade.

Nada mais existe. Todas as peças estão viradas e fora do jogo. E Deus então passa a ser todo aquele aglomerado de peças caídas, é o jogo que não é mais. Se me permite a acusação, você e seu ego solar – você, indivíduo com mania de deus – passou a mão sobre o tabuleiro e acabou com tudo. Não te condeno por isso. Mas quando tudo passa a inexistir, você também não existe mais. E então não tem mais jogo, não tem mais ordem, não tem mais nada. Não tem mais Deus. Se esta era a sua intenção, meus parabéns: você é brilhante.


Matheus Quinan



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