sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Um Espetáculo Indecentemente Moral





O teatro, desde um tempo imemorial, é o circo do povo, no que tange à falta do pão. Quando o povo tem as duas coisas, parece que as mazelas humanas desaparecem. "Pane Et circus"..., e tudo flui da maneira que 'os grandes' querem. Pão e circo é uma maneira de manter 'essa gente chamada povo' alimentada e feliz.

Mas o tempo passou e as pessoas se descobriram. Descobriram que mereciam mais, podiam mais e passaram a querer mais. Essas três maneiras de sentir que tinham direito a ter 'direitos', criou na evolução da raça humana, supostamente racional, um novo estado de 'ânima' que não mais sufocado, gritou..., "Eu existo" !

Estava criada a noção de 'Ego'.

O tempo passa, e um dramaturgo inglês, retrata com palavras, 'Um Drama Épico', que hoje, não mais tão épico, não raras vezes surpreende a 'Populis' com tragédias, assassinatos, suicídios e outros que tais. Shakspeare, não sabia o quanto daquela história, seria vívida na atualidade, em que se não houver pão, o povo não saberá sorrir, salvo..., se houver circo. E como circo não falta, pois, o próprio sistema estabelecido garante isso, há apenas a luta pelo pão.

E para lutar pelo pão o povo lança mão de recursos sem medidas, em que a 'coisa' funciona mais ou menos na proporção de..., 'Se a farinha é pouca, o meu pirão primeiro. No entanto, relacionar o entender que tem direito a ser o primeiro, é a parte mais ativa do 'Ego'.

"To be, or not to be" - 'Hamlet' - Willian Shakspeare - (1601) - "Ser ou não ser ?"

Hamlet, a determinado momento, se flagra num rasgo de consciência e faz a reflexão. Naquele momento para ele, 'cai a ficha'.

2013. Egos..., egos e mais egos..., inflados, superinflados, maxinflados, megainflado, e outros que tais, estão incontrolados. É um tal de..., eu sou, e eu quero, quero, quero e quero, que a humanidade não percebeu, mas..., virou um 'trash', (Lixo).

Um 'Ator', um excelente Ator, já há trinta anos, (cuidado com o ego), 'Dramaturgo' a menos tempo, num determinado momento, viu..., 'a ficha cair'. E, sabendo não ser 'Trash' - (lixo) - resolveu botar a boca no trombone, escreveu o texto e foi buscar 'o pão', (como nos tempos de antanho), de pires na mão, junto ao mecenato público. Montou o espetáculo. E que espetáculo ?! - Sem melindres..., empunha e enaltece uma 'Caveira Dourada' santificando os modernos 'Egos'.

Uniu-se a uma pessoa, singular. Uma 'Ofélia' que de 'Trash' - (lixo) - nada tem. E a peça ficou leve. O Drama virou comédia. Entre tantos desafios reais para montagem de um 'Shakspeare', os dois encontram o 'Equilíbrio Precioso' até para apresentarem uma 'Belíssima Nudez' notada, mas..., não vulgar, artística, mas..., não piegas.

Como todo espetáculo teatral que se preza, alguma mensagem real, verdadeira, importante, tem que ser passada, e se assim não for, não poderá levar o 'título' de 'Espetáculo'. O 'Autor', sacou do fundo da própria consciência, o dele, "that is the question" - final da frase Hamletiana.

"imaginou se você pegasse uma pá e começasse a cavocar bem aí onde você tá sentado, bem na direção do centro da terra, já imaginou quanta merda histórica que você não ia encontrar. Ta tudo aí, a história toda, a merda inteira de uma civilização servindo de alicerce pra nova camada de sujeira... Já pensou se essa história resolvesse vir a tona pra cobrar toda injustiça que o homem já fez??? Nem é bom imaginar!! As vezes eu fico aqui cavando e pensando, cavando e pensando... "(Cesar Almeida em Hamlet - Ego - Trash). (SIC).

É. Quem teve olhos pra ver, viu. Quem teve inteligência pra entender, entendeu. Mas, infelizmente eu, 'Cronista e Crítico', sei que a grande maioria bateu palmas, porque ali para eles era..., 'Circus'. Até porque não precisaram pagar, e assim, garantiram o dinheiro do pão.

Cesar Almeida e Maitê Schneider. Fui ao teatro para assistir dois amigos em cena. 'Meu Ego' me dizia que eu ia prestigiá-los. Minha consciência me fez sair de lá..., cavando, ou melhor..., 'Cavocando'.

É..., por aí tem muita merda servindo de base para mais merda. Eu, particularmente, saí de lá me sentindo prestigiado, porque minha inteligência..., foi respeitada.

Parabéns. (E para nós, de Teatro, que sabemos o que é..., 'Muita Merda Pra vocês').

Olinto Simões - 22/02/2013

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