Lapidar
o diamante na medida exata. Nem
mais nem menos do que ele necessite. Não
exacerbar as linhas roubadas do Parnaso, para
que não se obscureça na própria luz. “Signos
em rotação”, mas, ascendentes, para
que não destinem-se apenas em linha reta. O
arqueiro zen eleva-se por dentro para
apontar a seta até o ponto exato. Minha
menina não suporta a meia cegueira dos
que não vêem a alma de suas estampas. E
se rompem filamentos no seu coração de
arquéia recém-desperta. Ah,
“se todos fossem iguais a você, que
maravilha viver”. É
preciso viver a maravilha sabendo que
nem todos a vivem. Essa
é a grande chave: ver
pelos que não vêem, ver através... Então,
qual seria o real papel do artista? Se
alguém se manifesta publicamente para
contribuir com o seu meio, deve
saber que estará ocupando espaço. Espaço
foi feito para ser ocupado. Melhor
ocupá-lo com toda virtuosidade. Naturalmente,
os santos de casa permanecerão
nos seus altares... mas
não ouvirão as preces dos mais santificados. Os
diálogos perdidos podem repousar no Mar Morto. Alguma
forma de vida poderá recebê-los e
entender que no mundo há pessoas renascendo pelo
poder da palavra todos os dias. Um
homem que traduz os signos inimagináveis
das alegorias, já
não pode nada fantasiar; já
não se permite perder-se: ama
e não sabe mais em qual sítio reside
a força contrária a isso. Não
se engana e não engana; quem
não o puder conhecer, poderá se enganar... Não
é o caso de quem é Senhora das Palavras, modeladora
da luz. E
se a menina não suportar a força do Verbo se
fazendo carne, da carne verbalizando a Verdade, se
seu coração ativar os rios dos seus olhos, deve,
então, repousar um pouco, até
que a chuva lhe refresque o entendimento
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