sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Impressões sobre estética de carne e alma





Lapidar o diamante na medida exata.
Nem mais nem menos do que ele necessite.
Não exacerbar as linhas roubadas do Parnaso,
para que não se obscureça na própria luz.
“Signos em rotação”, mas, ascendentes,
para que não destinem-se apenas em linha reta.
O arqueiro zen eleva-se por dentro
para apontar a seta até o ponto exato.
Minha menina não suporta a meia cegueira
dos que não vêem a alma de suas estampas.
E se rompem filamentos no seu coração
de arquéia recém-desperta.
Ah, “se todos fossem iguais a você,
que maravilha viver”.
É preciso viver a maravilha sabendo
que nem todos a vivem.
Essa é a grande chave:
ver pelos que não vêem, ver através...
Então, qual seria o real papel do artista?
Se alguém se manifesta publicamente
para contribuir com o seu meio,
deve saber que estará ocupando espaço.
Espaço foi feito para ser ocupado.
Melhor ocupá-lo com toda virtuosidade.
Naturalmente, os santos de casa
permanecerão nos seus altares...
mas não ouvirão as preces dos mais santificados.
Os diálogos perdidos podem repousar no Mar Morto.
Alguma forma de vida poderá recebê-los
e entender que no mundo há pessoas renascendo
pelo poder da palavra todos os dias.
Um homem que traduz os signos
inimagináveis das alegorias,
já não pode nada fantasiar;
já não se permite perder-se:
ama e não sabe mais em qual sítio
reside a força contrária a isso.
Não se engana e não engana;
quem não o puder conhecer, poderá se enganar...
Não é o caso de quem é Senhora das Palavras,
modeladora da luz.
E se a menina não suportar a força do Verbo
se fazendo carne, da carne verbalizando a Verdade,
se seu coração ativar os rios dos seus olhos,
deve, então, repousar um pouco,
até que a chuva lhe refresque o entendimento
Emanoel Virgino

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