sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

ON THE ROAD





Recomeçar é bom .
Ando com vontade de sacudir a poeira das experiências adquiridas e ganhar territórios novos. Esse desprendimento demanda liberdade, uma senhora regida pelo desapego. Então, corto os laços de cetim e também as cordas. Quero seguir o fluxo da vida como um rio. Soltando a âncora porque chegou a hora, deixando velhos portos onde guardo realizações como troféus da existência. Sempre há caminhos novos. As mudanças vêm bater na minha praia. Devo aproveitar seu balanço para me lançar ao mar. Navegar é preciso. E navegar é uma batalha interior que depende de vontade própria. Exige vencer os desafios dos sete mares: o mar do comodismo, do apego, da resistência a mudanças, do equívoco da segurança, do fantasma das perdas, do rompimento dos padrões, do medo do desconhecido. Na minha bagagem acumulei um excesso de responsabilidades que não me pertencem. Estou querendo viajar por minha conta e risco. Até o fim da estrada com direito a paradas prazerosas para contar estrelas e contar histórias. Não quero deixar o melhor de mim para amanhã.

( Célia Musilli, In Todas as Mulheres em Mim, 2010)

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