Intelectual brasileiro pós-moderno
vende o corpo superficial e burro
ao meretrício mundial
Encontra na subjetividade e no ego
o ponto cego
da ilusão escolástica desse país do carnaval
atração global
Vender palavras de amor incondicional ao belo
da foice e do martelo
do caos para o ópio do povo
da clausura asfixiante da crítica
entender essa realidade mítica
tornar-se cético
tornar-se estóico
navegar esse mar de hipocrisia jactante
de palavras brilhantes
dizer-se intelectual
no sentido habitual do termo
Patrocinar a educação a leitura
Ensinar às crianças da geração futura
A valorizar o saber
aprender e crescer
Transcender o sofrimento humano
neste mesmo plano
de ignorância e miopia social
fazer política em essência grega
participação democrática
no parlamento e na igreja
Amar a humanidade
Demonstrar racionalidade
Ler Voltaire
Alavancar o desenvolvimento intelectual do país
fazer o que sempre fiz
Tentar ser feliz
Responder às mesmas perguntas globais
sobre a sexualidade
prostituição, submundo que conhecemos
Nesta nação em que nascemos
somos hipnotizados
pelo apreço da maioria sempre burra
Tentamos responder à altura
à dialética e metafísica do corpo
suor, sexo e sangue
que é a intelectualidade brasileira
cópia e arremedo grotesco
de todo lixo que vem de fora
em auto-ajuda reversa
condena-te a ti mesmo
Não, devo fazer crítica construtiva
usar linguagem discursiva
e menos emotiva
Devo ensinar o caminho e a luz
Já que coragem e caráter
são teoria abstrata nestas terras colossais
Nossos heróis nacionais
Não foram os intelectuais.

Anderson Carlos Maciel