Os
cientistas definem amor platônico como uma espécie de admiração sem contato
físico. Mas, os mais sensíveis poetas sabem que esta categoria de sentimento
vai muito além desta mera definição.
O
verdadeiro amor platônico é aquele que vai dos 5 aos 16 anos de idade porque
depois desta faixa etária aparecem interesses materiais, que maculam a paixão,
como: dinheiro e carreira.
Estes
dias, uma menina de 12 anos escreveu a seguinte declaração em sua rede social:
“ –Não
consigo tirar ele da cabeça. Amo meu colega, sem ao menos tocá-lo e sei que
nunca terei coragem de dizer o que sinto. Até parece que perdi algo dentro de
mim.”
O
problema é que depois deste texto, a página da garota foi bombardeada por
comentários debochados e maldosos de adultos como:
“ – Você
não tem vergonha de se apaixonar tendo tão pouca idade?”
“- Você
perdeu o que dentro de você, minha filha?”
“ – Será
que perdeu a mãe na feira?”
Após ler
estas opiniões de adultos de 30, 40 e de até 50 anos, fiquei abismada com a
grosseria e a falta de maturidade deles. Assim, me perguntei:
- Será
que na adolescência, eles nunca tiveram um amor platônico?
Respirei
um pouco e refleti que a sociedade não pode tirar este tipo de sentimento das
crianças. Realmente, sou contra a erotização infantil. Por este mesmo motivo
acredito que só o amor platônico pode preparar jovens para não magoar e nem
trair seus parceiros no futuro. Minha orientação sexual é a assexual romântica,
ou seja, não curto sexo, mas sempre sonhei em viver uma história de amor e tive
meu primeiro amor platônico aos 12 anos de idade. Por isto entendi tanto o que
a garota da rede social escreveu. Aqui, verifico que o fato de eu ter me
apaixonado tão cedo não causou a erotização precoce em mim. Afinal, hoje tenho
38 anos de idade e nunca tive relações íntimas com penetração e comecei a
namorar somente aos 27 anos de idade.
Através
da leitura de obras famosas descobri que elas não existiriam se não fossem a
paixão platônica de seus personagens principais já na infância. Sem este tipo
de amor não haveria Romeu e Julieta de Shakespeare; muito menos o Dom Casmurro
se casaria com a Capitu e não existiria A Moreninha, do escritor Joaquim Manoel
de Macedo, e nem sua pedra mágica na Ilha de Paquetá. Esta última obra marcou
muito a minha meninice, afinal por causa dela passei a sonhar em encontrar um
amor platônico na infância, me afastar dele por travessuras do destino e só
reencontrá-lo, novamente, na idade adulta com o objetivo de ficar com este amor
de meninice para toda a eternidade.
Por isto
eu faço um pedido à sociedade: por favor, não tire o amor platônico das
crianças. Pois, ás vezes este sentimento pode ser a única oportunidade que a
pessoa tem de sentir um amor puro e inocente, antes que a ganância da juventude
corroa a sua alma.
Acredito
que seja necessário que os pais monitorem seus filhos contra os pedófilos de
plantão. Porém, o amor platônico por criaturas da mesma idade não deve ser
vista com deboche e escárnio como foi o caso dos adultos da rede social citada
acima.
Luciana
do Rocio Mallon
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