domingo, 24 de fevereiro de 2013

Não Tire o Amor Platônico das Crianças



Os cientistas definem amor platônico como uma espécie de admiração sem contato físico. Mas, os mais sensíveis poetas sabem que esta categoria de sentimento vai muito além desta mera definição.
O verdadeiro amor platônico é aquele que vai dos 5 aos 16 anos de idade porque depois desta faixa etária aparecem interesses materiais, que maculam a paixão, como: dinheiro e carreira.
Estes dias, uma menina de 12 anos escreveu a seguinte declaração em sua rede social:
“ –Não consigo tirar ele da cabeça. Amo meu colega, sem ao menos tocá-lo e sei que nunca terei coragem de dizer o que sinto. Até parece que perdi algo dentro de mim.”
O problema é que depois deste texto, a página da garota foi bombardeada por comentários debochados e maldosos de adultos como:
“ – Você não tem vergonha de se apaixonar tendo tão pouca idade?”
“- Você perdeu o que dentro de você, minha filha?”
“ – Será que perdeu a mãe na feira?”
Após ler estas opiniões de adultos de 30, 40 e de até 50 anos, fiquei abismada com a grosseria e a falta de maturidade deles. Assim, me perguntei:
- Será que na adolescência, eles nunca tiveram um amor platônico?
Respirei um pouco e refleti que a sociedade não pode tirar este tipo de sentimento das crianças. Realmente, sou contra a erotização infantil. Por este mesmo motivo acredito que só o amor platônico pode preparar jovens para não magoar e nem trair seus parceiros no futuro. Minha orientação sexual é a assexual romântica, ou seja, não curto sexo, mas sempre sonhei em viver uma história de amor e tive meu primeiro amor platônico aos 12 anos de idade. Por isto entendi tanto o que a garota da rede social escreveu. Aqui, verifico que o fato de eu ter me apaixonado tão cedo não causou a erotização precoce em mim. Afinal, hoje tenho 38 anos de idade e nunca tive relações íntimas com penetração e comecei a namorar somente aos 27 anos de idade.
Através da leitura de obras famosas descobri que elas não existiriam se não fossem a paixão platônica de seus personagens principais já na infância. Sem este tipo de amor não haveria Romeu e Julieta de Shakespeare; muito menos o Dom Casmurro se casaria com a Capitu e não existiria A Moreninha, do escritor Joaquim Manoel de Macedo, e nem sua pedra mágica na Ilha de Paquetá. Esta última obra marcou muito a minha meninice, afinal por causa dela passei a sonhar em encontrar um amor platônico na infância, me afastar dele por travessuras do destino e só reencontrá-lo, novamente, na idade adulta com o objetivo de ficar com este amor de meninice para toda a eternidade.
Por isto eu faço um pedido à sociedade: por favor, não tire o amor platônico das crianças. Pois, ás vezes este sentimento pode ser a única oportunidade que a pessoa tem de sentir um amor puro e inocente, antes que a ganância da juventude corroa a sua alma.
Acredito que seja necessário que os pais monitorem seus filhos contra os pedófilos de plantão. Porém, o amor platônico por criaturas da mesma idade não deve ser vista com deboche e escárnio como foi o caso dos adultos da rede social citada acima.
Luciana do Rocio Mallon

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