Um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegando atrasado
andasse mais adiante
carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha
ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer vai ser minha última obra...
–– extraído de “la vie en close”, de Paulo Leminski (1944–1989). Este poema também foi transformado na canção “Dor elegante”, gravada por Itamar Assumpção, com participação de Zélia Duncan, no disco “Pretobras” (1998).
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