.
ela é o vento que você nunca deixa para trás
gato negro que você matou num lote vazio, ela é
o cheiro das ervas de verão, aquela que espreita
pelos armários abertos da infância, ela tosse
na sala ao lado, pios, ninhos em seus cabelos
ela é íncubo
face na janela
ela é
harpia na sua saída de emergência, estatueta de mármore
talhada na lareira.
Ela é cornucópia
que lamenta na noite, abraço mortal
você não pode interromper, olhar negro cristalino
de garotas loucas entoando cânticos por trás da engrenagem,
ela é
o silvo em suas despedidas.
Grão negro no verde jade, som
do silencioso koto¹, ela é
tapeçaria incinerada
em seu cérebro, o manto flamejante
de plumas te carrega
para montanhas
enquanto você corre em chamas
até
o mar negro
Diane di Prima (1934)
¹Koto é um instrumento oriental, semelhante à cítara
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