Olho agora pela janela, vejo e escuto um dia de garoa e frio
de Curitiba. A minha memória me leva às noites de travessia de oceano sem
nenhuma visibilidade. Segue o navio a flutuar e a confiança minha está nos
instrumentos de navegação, pois os olhos nada enxergam além de alguns metros
adiante do olhar. Sei que a vida, a minha e a de todos os marinheiros, está se
sustenta em alguma confiança no que já foi construído. Os olhos, vez ou outra,
tentam saltar do corpo e em vão nada irão encontrar. Risca o mar o navio, segue
a viagem em sonho certeiro do destino a alcançar. Repousa em outros sentidos
mesmo em mar de balanços agitados. Olho a janela como se fosse a proa do navio.
A visão dos silêncios do olhar. Os pés sobre o piso, a quietude e a confiança
dos dias a navegar.
Tonio Luna
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